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Justiça

Acusação busca mais provas contra Carli

Audiência judicial será retomada hoje para ouvir mais quatro pessoas. Dezesseis testemunhas já depuseram

Cristiane Yared, mãe de uma das vítimas: famílias pedem condenação de Carli | Daniel Derevecki/Gazeta do Povo
Cristiane Yared, mãe de uma das vítimas: famílias pedem condenação de Carli (Foto: Daniel Derevecki/Gazeta do Povo)

Os advogados das famílias dos dois rapazes mortos no acidente com o ex-deputado Fernando Ribas Carli Filho receberam ontem autorização da Justiça para produzir novas provas sobre o caso. O juiz da 2.ª Vara do Tribunal do Júri de Curitiba, Daniel Ribeiro Surdi de Avelar, autorizou uma perícia particular no computador de um posto de combustíveis da região onde ocorreu o acidente. A câmera de segurança do posto registrou o momento da colisão, na esquina das ruas Ivo Zanlorenzi e Paulo Gorski, em Curitiba.

A decisão foi anunciada durante o primeiro dia da audiência judicial que decidirá se Carli irá ou não a júri popular. Carli é acusado de dirigir embriagado, a mais de 160 km/h e com a carteira de habilitação vencida. No acidente, que ocorreu no dia 7 de maio do ano passado, Gilmar Rafael Yared, de 26 anos, e Carlos Murilo de Almeida, de 20, morreram após o carro dirigido pelo ex-parlamentar chocar-se com o veículo em que eles estavam.

Segundo o perito Walter Kauff­mann, contratado pela família Yared, há indícios de que foram suprimidos alguns "frames" do vídeo e ele acredita ser possível resgatar estas imagens, mesmo que elas tenham sido apagadas da "lixeira" do computador. "Aparen­temente, eles foram bastante amadores. Temos de 60% a 70% de chance de recuperar", comentou o perito, que tem 30 dias para entregar um laudo à Justiça. Ele foi autorizado a buscar essas imagens porque o Instituto de Crimina­lística, da Polícia Civil, afirmou não ter tecnologia suficiente para recuperar dados apagados de um computador.

O advogado da família Yared, Elias Mattar Assad, afirmou que irá mapear o caminho percorrido por Carli Filho desde que ele saiu de um restaurante até a colisão. Duas empresas de telefonia enviaram os relatórios de ligações de dois celulares do ex-deputado que, segundo o advogado, podem trazer novos elementos para o caso. "Pode ser que ele tenha passado por outras ruas com radares, já que dizem que o carro dele não aparece (nos radares) na Paulo Gorski e na Ivo Zanlorenzi."

Audiência

Ontem, dezesseis pessoas foram ouvidas durante a audiência de instrução, que irá decidir qual o tipo de julgamento o ex-deputado irá enfrentar: o Júri Popular ou a sentença dada por um só juiz. A diferença está na punição que Carli Filho poderá ter.

As famílias dos dois rapazes acompanharam ao longo de todo o dia todos os depoimentos. Para a irmã de Carlos Murilo, um dos jovens mortos, Gislaine de Al­­meida, é provável que o juiz encaminhe o caso para o Júri Popular. "Foi uma crueldade (o acidente). Eu senti uma coerência (dos depoimentos) com o que foi levantado no inquérito." Para o pai do outro rapaz, Gilmar Yared, Carli não deveria estar em liberdade. "Eu vi o meu filho morrer por (pelos depoimentos) estas pessoas. O deputado deveria estar preso!"

O advogado de Carli, Roberto Brzezinski Neto, contestou a tese de que o ex-deputado estava em alta velocidade no momento do acidente. Ele nega a tese, amplamente divulgada, de que o velocímetro do carro de Carli teria sido visto, após o acidente, travado em 190 km/h. "Um tenente do BPTran confirmou que viu o velocímetro do carro e ele estava zerado."

Hoje, a partir das 9 horas, outras quatro testemunhas (duas de defesa e duas de acusação) serão ouvidas pelo juiz, além de oito pessoas que devem depor em outras cidades. Porém o juiz pode até abrir mão do depoimento de algumas pessoas.

Fernando Carli Filho era aguardado ontem no Tribunal do Júri para dar a sua versão para o acidente. Porém ele não apareceu. O ex-deputado pode ser liberado hoje novamente e ser convocado para depor na semana que vem; ou o juiz pode determinar que ele seja ouvido em Guarapuava, onde vive atualmente.

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