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Um dos julgamentos foi o de Beatriz Abbage, condenada pela morte do menino Evandro | Ivonaldo Alexandre/ Gazeta do Povo
Um dos julgamentos foi o de Beatriz Abbage, condenada pela morte do menino Evandro| Foto: Ivonaldo Alexandre/ Gazeta do Povo

O segundo dia de julgamento de Beatriz Cordeiro Abbage no Tribunal de Júri, em Curitiba, começou com os debates entre defesa e acusação. O Ministério Público (MP) reafirmou que há provas de que o corpo encontrado era do menino Evandro Caetano e da ligação de Beatriz com crime. O MP afirmou, ainda, que não há indícios de que a ré sofreu tortura para confessar. Já a defesa sustentou que Beatriz foi torturada e estuprada. Segundo os advogados dela, mesmo que o corpo encontrado seja de Evandro, não há provas da ligação de Beatriz com o crime.

Ontem pela manhã, cada lado fez uma sustentação oral de hora e meia. À tarde, a acusação fez a réplica por uma hora e a defesa, a tréplica por uma hora. Até o fechamento desta edição, a expectativa era que a votação dos jurados acontecesse ainda ontem e o julgamento fosse encerrado em seguida.

Beatriz é acusada pelo assassinato e sequestro de Evandro Ramos Caetano, em 1992, em Guaratuba, no litoral do Paraná. O menino teria sido morto em um ritual de magia negra encomendado por Beatriz e a mãe dela, Celina Abbage. As duas foram julgadas pela primeira vez em 1998 no mais longo júri da história da Justiça brasileira ­– 34 dias.

Na época, elas foram consideradas inocentes. O MP pediu novo julgamento alegando que as provas que mostravam que o corpo era mesmo de Evandro foram desconsideradas pelo júri. Celina não senta aos bancos dos réus junto com a filha, agora, porque, com mais de setenta anos, o crime para ela já prescreveu.

No primeiro dia de julgamento, foram ouvidas sete testemunhas. Beatriz foi interrogada a portas fechadas, depois de o plenário ser esvaziado, a pedido da defesa. O argumento era que Beatriz falaria sobre a confissão dela ter ocorrido mediante tortura.

"Não há indícios concretos da tortura", disse ontem o promotor Paulo Sérgio Markowicz Lima Ele criticou a plateia pelos risos. A maior parte das cadeiras no Tribunal do Júri era ocupada por amigos e familiares das Abbage. A promotora Lucia Inez Giacomitti Andrich lembrou que, ao contrário das Abbage, os pais de Evandro estavam sozinhos em sua luta. "Hoje eu sou a voz de Evandro", declarou Lima aos jurados.

Nos debates, Lima mostrou um vídeo em que o pai de santo Osvaldo Marcineiro, um dos condenados por participar do crime, descreve a participação de Beatriz no crime. A promotora Lucia foi enfática ao afirmar aos jurados. "Tenho plena convicção de que a Beatriz colaborou neste crime."

Já o advogado de defesa, Adel El Tasse, deu início a sua sustentação usando citações de Beatriz: "Não sei quantas vezes fui estuprada ou por quantos". Durante a defesa, Beatriz se mostrou bastante emocionada e chorou por diversas vezes. A defesa também chamou o processo de farsa. "Há mais de dez anos o tribunal já disse que a Beatriz é inocente", disse El Tasse.

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