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Em depoimentos com uma série de contradições, dois dos três acusados de matar três mulheres em Pernambuco confessaram nesta quinta-feira (13) ter comido a carne das vítimas, mas negaram ter feito empadas e salgadinhos com vísceras humanas.

O primeiro dia do júri popular de Jorge Beltrão Negromonte da Silveira, 52, Isabel Cristina Torreão Pires, 53, e Bruna Cristina Oliveira da Silva, 28, começou ainda pela manhã, mas, no final da tarde, só os dois mais velhos haviam prestado depoimento.

Eles são acusados pelo homicídio quadruplamente qualificado de Jéssica Camila da Silva Pereira, 17, em Olinda, e de Giselle Helena da Silva, 31, e Alexandra da Silva Falcão, 20. Eles estão presos desde 2012, quando os crimes foram descobertos.

Nesta quinta, eles são julgados apenas pela morte de Jéssica. O julgamento do assassinato das outras duas vítimas ainda não tem data para ocorrer.

Jorge não se negou a responder a nenhuma pergunta e repetiu diversas vezes ter agido por "fraqueza" e "loucura" por não ter tomado seus remédios. Além disso, se disse arrependido, citou trechos da Bíblia e fez uma oração. "Foi um momento de extrema fraqueza e brutalidade. Eu me sinto na posição das pessoas que perderam seus entes queridos e estou arrependido, não porque estou preso", afirmou o réu, que já havia confessado o crime em depoimento à polícia. "Pena que o tempo não volta mais atrás", afirmou.

Segundo Jorge, a ideia de matar Jéssica partiu dele e das duas companheiras com quem vivia em Olinda. Ele disse ainda que cada uma delas teve uma função específica no assassinato da jovem. O acusado disse que Isabel trouxe a faca utilizada no crime e segurou a filha de Jéssica, que na época tinha um ano de idade e assistiu a morte da mãe. Jorge disse que Bruna segurou a vítima, enquanto ele cortou a jugular da jovem.

O réu afirmou ainda ter agido de acordo com a seita que ele mesmo criou para eliminar pessoas que tinham mais filhos do que podiam criar e, assim, "buscar um mundo mais perfeito". Jéssica foi aliciada por Isabel quando pedia esmola com a filha pequena em Boa Viagem, zona sul do Recife.

Seguindo a estratégia de sua defesa, Jorge procurou afirmar repetidas vezes que tem problemas mentais e que toma remédios. "Quando fico sem meus remédios, fico sem minha autoestima", afirmou.

Jorge contou que ele, as duas mulheres e a criança se alimentaram com a carne de Jéssica, temperada com água e sal. No entanto, tanto ele quanto Isabel negaram ter feito salgados com a carne. Segundo eles, Isabel contou essa história "para não apanhar da polícia" e para ser levada ao presídio psiquiátrico.

Jorge admitiu ainda ter pedido a Bruna para assumir o crime, mas disse que depois se arrependeu.

CONTRADIÇÕESMuito nervosa, Isabel começou seu depoimento de forma monossilábica e se contradizendo. Em um primeiro momento, afirmou não ter participado da morte de Jéssica, apenas da ocultação do cadáver. "Não estava na hora", disse.

Mas, em seguida, afirmou que estava na casa e ficou com a filha de Jéssica no colo, mas longe do cômodo em que a jovem foi assassinada. Ao contrário do que disse Jorge, Isabel afirmou que foi Bruna quem entregou a faca usada no crime, mas disse ter se cortado com o utensílio usado para matar a jovem.

Seguindo a estratégia de sua defesa, Isabel afirmou diversas vezes ser "dependente emocional" de Jorge e, por isso, seguiria suas orientações e nunca o denunciou. Tanto Isabel quanto Jorge afirmaram que ainda era necessário matar mais uma mulher para completar o ritual de purificação da seita criada por eles.

Bruna ainda será ouvida nesta quinta-feira. Em seguida, serão apresentados alguns vídeos. O julgamento deve ser interrompido à noite e retomado na manhã desta sexta-feira (14).

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