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Juliana Molina com a avó, segurando foto do irmão: família sofreu com duas mortes em acidentes de trânsito | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Juliana Molina com a avó, segurando foto do irmão: família sofreu com duas mortes em acidentes de trânsito| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

Evento lembra vítimas

Curitiba recebe neste domingo um evento que marca o Dia Mundial em Memória das Vítimas de Trânsito, criado pela ONU.

A partir das 10 horas, um culto ecumênico seguido pela manifestação de várias pessoas envolvidas na questão da violência no trânsito ocorre no Parque Barigui. O evento acontece tradicionalmente no Rio de Janeiro, promovido pela ONG Trânsito Amigo. Mas, devido à repercussão do acidente com o então deputado estadual Luiz Fernando Ribas Carli Filho, a direção da entidade resolveu incluir Curitiba nas manifestações. Encontros acontecem também em outras cidades do país.

À frente da organização do evento estão Cristiane Yared, mãe de Gilmar, morto no acidente que envolveu o ex-deputado, e Fernando Diniz, que idealizou a ONG Trânsito Amigo depois de perder um filho de 20 anos para a violência no trânsito. "Queremos chamar atenção para que a sociedade se mobilize e não haja mais famílias tão machucadas quanto a nossa", diz Cristiane. "Não é um dia para lamentar, mas para agir. Precisamos nos mobilizar para mudar algumas coisas que podem evitar a perpetuação desse cenário, como a hipocrisia de tratar a morte em acidente como homicídio culposo, mesmo quando há a presença do álcool", protesta Diniz.

Pedro de Castro

Na semana em que diversos países celebram o Dia Mundial em Memória das Vítimas de Trânsito, Curitiba tem um bom motivo para comemorar. A cidade caminha para fechar 2009 como um ano menos violento nas ruas.

Até a meia-noite de quarta-feira, aconteceram 4.442 acidentes com vítimas na capital, de acordo com dados do batalhão de trânsito da Polícia Militar. A um mês e meio do fim do ano, o número é 30% inferior ao total de 2008, que registrou 6.630 ocorrências. A quantidade de óbitos no local é equivalente à metade dos mortos do ano passado: queda de 98 para 50. A soma de feridos também apresenta uma redução aproximada de 30%. Foram 6.238, até agora, contra 9.325 em 2008.

A violência nas ruas e estradas do Paraná também parece estar diminuindo, só que na marcha lenta. O Detran ainda não computou os dados do segundo semestre de 2009, mas se o período não trouxer uma piora com relação à primeira metade do ano, a redução dos acidentes com vítimas pode ultrapassar os 10%. Entre janeiro e junho, foram registradas 19.905 ocorrências. O ano passado fechou a conta em 45.631 acidentes. Os números de feridos e mortos segue no mesmo ritmo. Até agora, são 26.081 e 745, respectivamente, contra 59.415 e 1.641 em 2008.

Mas a tendência para um trânsito mais pacífico ainda não é motivo de comemoração. Curitiba era uma das cidades mais violentas no trânsito em 2007, ano em que foram computados os dados mais recentes do Denatran. Na época, foram 7.767 acidentes com vítimas na cidade, garantindo a quarta posição no ranking das capitais de estado, atrás de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. Mesmo se a soma parcial de 2009 tivesse sido registrada dois anos atrás, isso só faria Curitiba cair três posições. O mesmo vale para o Paraná, o segundo estado com mais acidentes, seguindo o recorde de São Paulo. Foram 43.518 ocorrências em 2007.

Tragédia

A morte no asfalto abalou profundamente a vida da recém-formada advogada Juliana Gimenes Molina, de 25 anos. Dois acidentes levaram metade de sua família. Da primeira vez, Juliana mal completara 15 anos quando seu padrasto, que era motoqueiro, cruzava uma rua perpendicular e foi atingido por um carro cujo motorista estava alcoolizado e não respeitou a preferencial. Ricardo José Vicentin morreu na hora, aos 31 anos.

Três anos atrás a outra metade da história se completou. O irmão de 17 anos, filho do padrasto com a mãe de Juliana, pegou carona na garupa da moto de um colega. Um caminhão invadiu a pista pela contramão para chegar ao estacionamento de um restaurante e passou por cima da moto, matando Ricardo José Júnior instantaneamente. "Tudo o que planejávamos para a nossa vida teve de ser abandonado, primeiro uma, depois duas vezes. É impossível encarar a vida da mesma maneira desde então", sintetiza a advogada.

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