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Pavimentação

Antipó “tapa” 60% das ruas

Levantamento mostra que houve diminuição no número de vias sem pavimento em Curitiba, mas asfalto é artigo de luxo na região sul

Cinquenta tons de cinza na Rua Viligran Cabrita, no Boqueirão | Henry Milléo/ Gazeta do Povo
Cinquenta tons de cinza na Rua Viligran Cabrita, no Boqueirão (Foto: Henry Milléo/ Gazeta do Povo)

Com muitas de suas ruas sem calçadas e repletas de buracos, Curitiba desafia pedestres e motoristas diariamente. Parte da culpa é do antipó, presente em mais da metade das vias da cidade, de acordo com um levantamento do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc). O pavimento de baixa qualidade incomoda muitos moradores e enerva os que estão atrás do volante.

Entre 2002 e 2011, a malha viária da capital aumentou em cerca de 440 quilômetros. No período, 300 quilômetros de ruas foram cobertos com antipó. Com asfalto, 140. Os dados também mostram que, agora, menos vias na cidade estão sem nenhum tipo de pavimentação: o saibro, que define um tipo de quadra de tênis, mas que também indica ruas de terra batida, tem diminuído.

Mas o "avanço" é desigual. Entre as nove regionais da cidade, é no sul que o asfalto é mais difícil de encontrar. Na regional do Pinheirinho, que engloba cinco bairros, 21,6% das vias ainda têm cobertura de saibro. Nas regionais do Boqueirão e Bairro Novo, há predomínio do antipó, em mais de 70% das vias. O asfalto só é maioria na regional matriz, que concentra todos os bairros da área central.

Polêmica

Enquanto o Ippuc aponta que o antipó está em cerca de 60% das vias da cidade, a Secretaria de Obras informa que desde o início da década de 1990 as ruas da capital não recebem mais o Tratamento Superficial Betuminoso (TBS), nome oficial do pavimento. De acordo com Mário Padovani, diretor do departamento de pavimentação da secretaria, ele foi substituído pelo "pavimento alternativo", mistura asfáltica com uma camada de brita menor que o asfalto de alto tráfego. "O antipó foi uma solução paliativa que durou uns 40 anos, mas está numa fase de declínio total. A manutenção é muito cara e é mais fácil investir mais e fazer um pavimento melhor", afirma.

Para o professor do doutorado de Gestão Urbana da PUCPR Fabio Duarte, a prioridade do asfalto deveria ser para as vias onde trafegam ônibus, já que o material é resistente e maleável às mudanças de temperatura. O aumento da impermeabilização das vias e calçadas, devido à maior quantidade de asfalto, também serve de alerta para os problemas de drenagem. "Continuar com essa pavimentação, que para a população é melhor, implica em reestudar a drenagem. Caso contrário teremos problemas", avisa o professor do departamento de transportes da UFPR Eduardo Ratton.

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