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Dos 60 animais acolhidos pela Sociedade Protetora dos Animais de Curitiba (SPAC) todo mês, apenas 20 conseguem um novo lar. O índice de adoção é considerado baixo, já que não há estrutura para manter e cuidar dos cerca 650 animais que lotam a ONG, que existe desde 1973.

"É bastante comum largarem cães na porta da Sociedade, amarrados, ou filhotes em caixas", diz Soraya Simon, vice-presidente da SPAC, que afirma acolher cerca de dois cães por dia, uma média de 60 por mês.

Apesar do grande número de cães recolhidos - na sua maioria, segundo Soraya, vítimas de maus-tratos ou algum tipo de agressão – a SPAC consegue um lar para apenas 20 cães por mês, um déficit bem alto. "É muito caro manter a entidade, temos gastos com medicamentos, comida, limpeza, tratamento", diz ela. "Vivemos basicamente da nossa clínica e de doações feitas pro cidadãos", afirma.

Embora contem com dificuldades, o sacrifício dos animais que não são adotados nem é cogitado pela Sociedade. "Só sacrificamos aqueles em estado terminal ou que não agüentam o tratamento, perante laudo do veterinário. Não importa se vai ficar aleijado, se o tratamento é caro, nós cuidamos", comenta.

Desde 2005, o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) de Curitiba não conta mais com a carrocinha, que recolhia animais de rua e os sacrificava na câmara de gás. "As coisas eram feitas de forma errada no passado, sacrificavam-se até cães saudáveis, pois eram transportados junto com os cães doentes. Estamos respondendo processo por isso até hoje", conta Cláudia Staudacher, bióloga responsável pela Seção de Controle da Fauna Urbana do CCZ. "Sem contar que o extermínio não auxilia em nada o controle da população de cães", completa.

Segundo a bióloga, o método mais eficiente para o controle da população de cães é a conscientização dos proprietários. Ela estima que cerca de 80% dos cães de rua em Curitiba tenham dono, mas são criados soltos. "O problema da superpopulação de cães nas grandes cidades tem a ver com a irresponsabilidade dos proprietários. Se você tem um cãozinho é do portão pra dentro. Sair, só com coleira e com saquinho pra pegar cocô", aconselha.

Para Soraya, da SPAC, o problema dos cães de rua em Curitiba também seria solucionado pela conscientização e educação dos proprietários para a posse responsável e castração dos animais, mudando a "cultura popular em relação aos animais".

Projetos

A Prefeitura de Curitiba mantém através do CCZ o programa Guarda Responsável, que estimula a posse responsável e castração entre a população de baixa renda na cidade. O programa foca determinados bairros da cidade onde existe uma população excessiva de cães e realiza castrações em massa, devolvendo os cães aos proprietários já recuperados da cirurgia e tatuados com um número de identificação.

O número - tatuado na orelha esquerda do animal – permite, caso ele seja recolhido novamente, saber quando ele foi castrado e quem é o proprietário responsável. Já foram castrados cerca de 520 cães desde o início do programa, em 2005. Atualmente as castrações são realizadas nos cães do bairro Vila Savana, no Uberaba.

Ao contrário da SPAC, o CCZ recolhe cães nas ruas, mas não recebe animais de terceiros, somente recolhe os que estejam oferecendo risco ao trânsito, saúde pública ou segurança das pessoas. As coletas são feitas de acordo com o número de doações feitas, tendo em vista a capacidade do canil, que varia.

"Se chega um animal de grande porte, agressivo ou com um ferimento grave, preciso de uma gaiola exclusiva para ele, por isso nossa capacidade é reduzida", explica Cláudia. Atualmente existem 30 cães adultos e cinco filhotes esperando para serem adotados no CCZ. Só são sacrificados os cães agressivos, não aptos a serem adotados, mediante consenso da equipe de três veterinários responsáveis pela análise do quadro do animal.

De acordo com o professor Paulo Roberto Parreira, do curso de zootecnia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), a rejeição de algumas pessoas em castrar seu animal não é justificável. "Todo animal que não for utilizado para reprodução, na minha opinião, deve ser castrado. Só traz benefícios", diz ele que afirma que a castração em cadelas pode ajudar a evitar câncer de mama e inflamações no útero.

Ainda segundo o professor, o recolhimento de cães semi-domiciliados – cães que são cuidados por um grupo de comerciantes da mesma rua, mas não tem um lar, por exemplo – pode influir no controle da superpopulação. "Os cães tendem a marcar e defender território, se esse cão é retirado dali, outros podem vir para tomar seu lugar", comenta ela que acredita que esse tipo de animal deva ser castrado e devolvido ao local de origem, desde que não ofereça risco à população.

Adoção

Quem quiser adotar um animal basta se dirigir ao canil do CCZ no Canal do Rio Belém, 03, no Gabirotuba, munido de documentos pessoais e coleira e corrente em bom estado, para o caso de adotar um adulto.

No local, o interessado deve responder a uma entrevista e preencher um termo de compromisso. Os animais são monitorados constantemente. No caso de adoção de filhotes, o dono tem de se comprometer a vaciná-los e trazer de volta ao CCZ para a castração gratuita, quando atingir a idade necessária.

O canil da Sociedade Protetora dos Animais tem cães e gatos para adoção. Fica na rua Prof. Sandália Monzon, 140, no Santa Cândida. Chegando lá basta preencher um questionário e um termo de compromisso, além de levar documentos pessoais e comprovante de residência.

A SPAC conta ainda com uma clínica popular que faz atendimentos e cirurgias com preço abaixo do preço de mercado, basta agendar com os veterinários pelo fone3256 8211.

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