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O caso ocorreu há cerca de três semanas, de acordo com a prefeitura

Educador trabalha há pelo menos dois anos na creche

O servidor investigado pela suspeita de abuso sexual tem 40 anos e é formado em Direito, segundo a diretora do Departamento de Educação Infantil da secretaria municipal de saúde. Ida explica que ele trabalha há pelo menos dois anos como educador, uma vez que desde 2007, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação prevê que somente pessoas com formação mínima em magistério, modalidade de ensino médio, podem ocupar o cargo de educador. Em entrevista ao telejornal Paraná TV 1ª edição, da RPC TV, Ida disse que a formação específica pressupõe aos profissionais um preparo melhor para lidar com crianças.

Pais devem ficar atentos ao comportamento dos filhos

Para a psicóloga Maria da Graça Padilha, professora da Universidade Tuiuti do Paraná e especialista em psicologia da infância e da adolescência, os pais devem ficar atentos a comportamentos atípicos das crianças a fim de se identificar casos de abuso sexual. Ela ressalta, no entanto, que é preciso tomar cuidado, pois as crianças podem distorcer informações em função do modo como é feita a pergunta por um adulto.

Há duas pistas importantes que podem mostrar que a criança sofreu abuso, segundo a psicóloga: transtorno de estresse pós-traumático, que se manifesta por meio de nervosismo, medo e pesadelos; e um comportamento sexual que não é típico para a idade. "É normal que crianças gostem de ficar sem roupa, façam perguntas sobre sexo e até masturbem-se", diz. "Já quando ela deixa de brincar para se masturbar ou tenta manipular órgãos genitais de outra criança, há um indício importante de abuso".

Maria afirma que todo relato feito pela criança espontaneamente deve ser levado a sério. "Se a criança fala sobre penetração ou carícias em órgãos sexuais, por exemplo, é porque alguém fez nela ou ela viu alguém fazendo", explica. "Ela só fantasia alguma situação em cima de algo que já vivenciou". Já no caso de uma entrevista ou depoimento, Maria afirma que há a necessidade de uma pessoa especializada para obter informações precisas. "É preciso prestar atenção no jeito com que ela se expressa. Ela normalmente vai contar o que ocorreu brincando ou mostrando, não por meio de palavras".

Depois da divulgação na imprensa da abertura de uma sindicância para investigar um educador suspeito de abusar sexualmente de uma menina de 4 anos em uma creche de Curitiba, a secretaria municipal de educação da cidade afirma que pais de crianças matriculadas nos Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs) podem ficar tranquilos ao deixar seus filhos nas instituições. De acordo com a diretora do Departamento de Educação Infantil da pasta, Ida Regina Milleo de Mendonça, a suspeita ainda não está confirmada e se trata de um caso "totalmente isolado".

O caso ocorreu há cerca de três semanas, de acordo com a prefeitura. Uma colega do suspeito foi quem fez a denúncia, após ter presenciado o educador com a menina no colo. A diretora do CMEI foi informada e a secretaria de educação acionou a Procuradoria-Geral do Município. Desde a ocorrência, o funcionário foi afastado das atividades, a sindicância foi aberta e uma psicóloga e uma pedagoga estão acompanhando a menina, segundo a secretaria municipal de educação. A própria prefeitura então informou a família a respeito da investigação.

"É uma denúncia tão fora do comum, que tão logo observamos a suspeita, imediatamente tomamos as providências necessárias", afirma Ida. Ela conta que os profissionais que trabalham nas creches passam por concurso público, além de exames psicológicos antes de estabelecer contato com as crianças. "Nossos profissionais são dedicados, comprometidos com o que fazem e preocupados com o atendimento e a segurança dos meninos", diz.

Segundo Ida, o educador investigado trabalha há cerca de dois anos e cumpre estágio probatório (que dura três anos) da carreira de educador. Ele lida com crianças de até 5 anos de idade. Segundo a prefeitura, o funcionário trabalhava em período integral na creche. Desde que foi admitido por concurso, o suspeito também trabalhou em outra creche do mesmo bairro, na região sul da cidade. Não há outras denúncias contra o funcionário.

Polícia

Embora esteja em investigação na Procuradoria-Geral do Município, o caso foi levado também à Polícia Civil. Na tarde de terça-feira (16) um boletim de ocorrência foi registrado no Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente (Nucria), pelos pais da criança. O inquérito vai foi aberto e os pais da criança já foram ouvidos.

Na manhã desta quarta-feira (17), a criança foi levada ao Instituto Médico Legal (IML) de Curitiba para a realização de exames para saber se houve abuso. O resultado deve ficar pontos em até 30 dias. Um psicólogo do próprio Nucria também deve conversar com a criança para que ela relate os fatos.

O superintendente do Nucria, Luiz Augusto Dias de Souza, disse que nem ele nem a delegada-chefe do núcleo, Eunice Vieira Bonome, poderiam falar sobre a investigação. "Casos onde a suspeita de violência envolvendo crianças o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) prevê segredo de justiça", afirmou.

Em entrevista à Rádio BandNews FM Curitiba, a mãe da criança disse que deixou de levar a filha à creche desde que foi informada do suposto abuso. Segundo ela, a criança estaria com a camiseta levantada e apoiando a cabeça no peito do educador quando foi vista pela outra funcionária.

Ainda em entrevista à rádio, a mulher disse que levava a criança à mesma creche desde os oito meses de idade. Ela contou que já havia visto o educador antes da denúncia e que, depois de iniciada a investigação, a criança teria contado que já havia sido beijada na boca pelo educador. Após o início da investigação, a menina teria começado a fazer xixi na cama, o que não fazia anteriormente, segundo a mãe.

A diretora do Departamento de Educação Infantil da secretaria municipal de educação confirma a versão da mãe sobre o flagrante da funcionária. "Tratava-se de uma atitude suspeita, por isso é que imediatamente a secretaria de educação acionou a Procuradoria-Geral do Município para dar início à sindicância", diz. "Com relação a outras ocorrências, como os beijos, não é de nosso conhecimento, pelo menos até agora", afirma.

De acordo com a assessoria de imprensa da prefeitura, a comissão de sindicância da Procuradoria-Geral do Município já ouviu o funcionário acusado e convocou a família da criança para prestar depoimento nesta quarta-feira (17). O suspeito teria negado o abuso, segundo apurou o telejornal Paraná TV 1ª edição, da RPC TV.

Funcionários da creche onde a ocorrência foi registrada também devem ser ouvidos nos próximos dias. Caso seja comprovada a denúncia de abuso sexual, o servidor será exonerado e será encaminhado ao Ministério Público (MP) um pedido de abertura de processo criminal contra o acusado, segundo a prefeitura.

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