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Brasília – O sprint final dos candidatos deu sinais claros de que o caixa 2 continua a mover as campanhas eleitorais. Nos últimos dias, vários foram os indícios de que partidos não abandonaram a prática que culminou no escândalo do mensalão. As primeiras evidências surgiram com pelo menos cinco casos de apreensões de dinheiro vivo, sem origem explicada, em quatro estados. Outra pista foi a enxurrada de material de propaganda despejado nas ruas, ainda que os coordenadores de campanha não tenham abandonado o discurso de que os cofres nunca estiveram tão vazios.

"O dinheiro continua a circular por caixa 2. Isso é um fato", afirma o advogado Fernando Neves, ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Apreensões

Em Santa Catarina, a Polícia Federal apreendeu no fim de agosto R$ 2 milhões (em notas de real e dólar) na casa de Aldo Hey Neto, consultor da Secretaria estadual de Fazenda. Os agentes suspeitam que o dinheiro seria usado em campanhas eleitorais. Semana passada, em Mato Grosso do Sul, a PF encontrou R$ 18 mil em espécie na casa de uma assessor parlamentar do deputado estadual Jerson Domingos (PMDB), candidato à reeleição. Foram encontradas ainda listas com nomes de eleitores, telefones e números de títulos eleitorais.

No Amapá, a Justiça Eleitoral apreendeu três envelopes com R$ 390 e adesivos do candidato ao Senado José Sarney (PMDB) na casa de um cabo eleitoral.

Caso dossiê

Mas o caso que reacendeu a discussão é o escândalo da compra, pelo PT, de um dossiê para tentar envolver os tucanos José Serra e Geraldo Alckmin com a máfia dos sanguessugas. Para os investigadores do caso, a hipótese mais forte para a origem do R$ 1,7 milhão é a de que ele tenha sido recolhido do caixa 2 de campanha de candidatos do partido no Rio e em São Paulo. O PSDB já adotou a explicação:

"É recurso de caixa 2, não há dúvidas disso", diz o coordenador da campanha de Alckmin à Presidência, senador Sérgio Guerra (PSDB-PE).

Nos últimos dias, as principais capitais brasileiras assistiram a multiplicação do material de propaganda nas ruas e a um festival de irregularidades. Em Brasília, para burlar a proibição de outdoors, candidatos alugaram caminhões e os abandonaram em pontos movimentados, repletos de faixas e cartazes.

Para especialistas em campanhas políticas, a Justiça Eleitoral dificilmente conseguirá erradicar o caixa dois.

"É impossível, assim como se livrar da sonegação fiscal. É possível dar mais transparência às regras e dificultar a circulação desse dinheiro, mas não acabar com o problema", afirma o ex-ministro do TSE.

Para o presidente da ONG Transparência Brasil, Cláudio Webber Abramo, não há como avaliar se o caixa 2 este ano foi maior ou menor do que nas eleições anteriores: "É possível dizer que pouco se fez para combatê-lo."

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