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Uma grávida de 18 anos e um menino de 3 morreram na quinta-feira vítimas de deslizamento de terra na Favela Mata Virgem, área de risco na zona sul de São Paulo. Segundo moradores, sete casas foram soterradas por escombros de uma obra de urbanização da Secretaria Municipal de Habitação no Morro dos Macacos. Duas pessoas ficaram feridas. A Defesa Civil interditou 24 casas construídas no barranco mais íngreme da ocupação.

A tragédia era anunciada. Em 13 de junho, uma pedra desmoronou do canteiro de obras da Construtora Passarelli, contratada pela Prefeitura, e atingiu a parede da residência vizinha à que foi soterrada ontem com a grávida. No mesmo dia, moradores protestaram contra a obra, que foi parada por três dias. "Caía até bloco de concreto no meu telhado", contou a dona de casa Marluce de Oliveira.

A promessa dos engenheiros era de que tudo ficaria parado até que as 78 famílias da área de risco fossem removidas - a Prefeitura afirma que as pessoas não quiseram abandonar a área. Outras 422 famílias já haviam sido retiradas desde o início do ano passado. O coronel da Defesa Civil, Jair Paca de Lima, disse que a obra ficou parada por apenas dois dias. "Tinha de continuar, né?"

Mas não foi o que disseram à reportagem outros funcionários da Defesa Civil da capital paulista e de Diadema. Segundo eles, os blocos de concreto da Passarelli estavam prestes a desmoronar a qualquer momento. O secretário de Habitação, Ricardo Pereira Leite, esteve no local e disse que "o momento é de se preocupar em atender e socorrer as vítimas". "Causas do acidente serão apuradas depois."

Outro fato que pode ter agravado a tragédia é o uso de fossas e tubulações de água nas cerca de 2 mil moradias da ocupação. A Mata Virgem é área de manancial da Represa Billings, cuja invasão data dos anos 80. A área foi desapropriada na gestão Marta Suplicy (PT), em 2004, e risco de deslizamento ali não é novidade: o morro consta no mapeamento de risco divulgado neste ano pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e já aparecia em 2003 em mapa de 119 áreas de risco alto e muito alto.

A Promotoria de Habitação e Urbanismo instaurou inquérito para apurar causas do deslizamento.As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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