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Cânion do Guartelá: formação integra a Escarpa Devoniana | Henry Milleo/Gazeta do Povo
Cânion do Guartelá: formação integra a Escarpa Devoniana| Foto: Henry Milleo/Gazeta do Povo

Risco

Monocultura e espécies invasoras preocupam

Margit Hauer, do IAP, lembra que a devastação dos campos na área da escarpa não é tão perceptível quanto o desmatamento de florestas. Por isso, o monitoramento tem de ser constante. A monocultura, o avanço natural da floresta da Mata Atlântica e as espécies invasoras são algumas das preocupações do Conselho Gestor para evitar a degradação da APA. Embora as atividades agrícolas e minerais sejam permitidas na unidade, o Conselho atenta para o cumprimento do Plano de Manejo. A Federação da Agricultura do Paraná encaminhou ao IAP pedido de ajuste do novo mapa, mas não quis se manifestar sobre o assunto até que o instituto dê retorno sobre o tema. Segundo Margit, o IAP orientou prefeituras e entidades de classe, informando que a APA pode ser aumentada com leis municipais. A redução, porém, só pode ser feita com lei estadual. O Plano de Manejo da APA existe desde 2004 e o Conselho Gestor foi instituído em 2013. O mapa cartográfico recém-criado foi enviado aos conselheiros e às 12 prefeituras que integram a área. Tão logo seja apreciado por todos, será devolvido ao IAP, que publicará uma portaria com os limites da APA. Até então, o órgão havia criado uma faixa de segurança no entorno para atuar nos casos de dúvidas sobre os limites.

12 municípios do Paraná estão na área de abrangência da Escarpa Devoniana: Lapa, Balsa Nova, Porto Amazonas, Palmeira, Campo Largo, Ponta Grossa, Carambeí, Castro, Tibagi, Piraí do Sul, Jaguariaíva e Sengés. Trata-se da maior APA do estado e compreende nove unidades de conservação, sendo cinco Reservas Naturais do Patrimônio Natural e quatro parques estaduais abertos à visitação: Vila Velha (em Ponta Grossa), Parque do Cerrado (em Jaguariaíva), Parque do Monge (na Lapa), e Parque do Guartelá (em Tibagi).

Vinte e dois anos após a criação da Área de Proteção Ambiental (APA) da Escarpa Devoniana, em 1992, que é uma das principais formações geológicas do Paraná, finalmente o governo estadual finalizou, neste ano, o mapa cartográfico do local. A antiga base cartográfica é imprecisa com relação aos limites da APA, o que gera dúvidas entre proprietários de áreas próximas, agricultores, mineradores e prefeituras. A incerteza também impacta na aplicação de multas por eventuais crimes ambientais, já que a legislação para o que pode ser feito dentro de uma APA é mais rígida.

A Escarpa Devoniana ganhou este nome porque é sustentada pela formação furnas, um tipo de rocha que teria sido formada no período devoniano, ou seja, há 400 milhões de anos. A escarpa é uma espécie de degrau topográfico que separa o Primeiro do Segundo Planalto Paranaense. "É uma formação característica do Paraná, não se vê nada parecido nos estados vizinhos de Santa Catarina e São Paulo", comenta o geólogo e professor da Universidade Estadual de Ponta Grossa Mário Sérgio Melo. Os 392 mil hectares de área da Escarpa Devoniana têm belezas naturais, como cânions (entre eles o Guartelá), vales, rios e campos naturais.

"O patrimônio geológico é muito rico e a própria criação da APA é oportuna para se preservar tudo isso", analisa. A formação furnas tem importância no ciclo da água e, por isso, o professor chama a atenção para a conservação da unidade. "Os próprios empresários do agronegócio têm de pensar no longo prazo porque têm a ganhar com a conservação", diz Melo. Quem se integra à área pode receber parte do ICMS Ecológico gerado na unidade. Com o novo mapa, que entrará em vigor através de uma portaria, a área ganhará 608 hectares. Hoje, a unidade tem 392.971 hectares e é a maior das nove APAs do Paraná.

Conforme a gerente da APA da Escarpa Devoniana e chefe do Departamento Socioambiental do Instituto Ambiental do Paraná (IAP), Margit Hauer, o novo mapa não traz mudanças significativas na APA. Ela continua sendo uma unidade de conservação de uso sustentável, e não será preciso fazer nenhuma desapropriação. O Conselho Gestor da APA fez reuniões para discutir outros usos para a unidade, como o turístico. Um dos projetos em discussão é a delimitação dos caminhos usados pelos tropeiros e o resgate cultural desses espaços.

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