Vinte e dois anos após a criação da Área de Proteção Ambiental (APA) da Escarpa Devoniana, em 1992, que é uma das principais formações geológicas do Paraná, finalmente o governo estadual finalizou, neste ano, o mapa cartográfico do local. A antiga base cartográfica é imprecisa com relação aos limites da APA, o que gera dúvidas entre proprietários de áreas próximas, agricultores, mineradores e prefeituras. A incerteza também impacta na aplicação de multas por eventuais crimes ambientais, já que a legislação para o que pode ser feito dentro de uma APA é mais rígida.
A Escarpa Devoniana ganhou este nome porque é sustentada pela formação furnas, um tipo de rocha que teria sido formada no período devoniano, ou seja, há 400 milhões de anos. A escarpa é uma espécie de degrau topográfico que separa o Primeiro do Segundo Planalto Paranaense. "É uma formação característica do Paraná, não se vê nada parecido nos estados vizinhos de Santa Catarina e São Paulo", comenta o geólogo e professor da Universidade Estadual de Ponta Grossa Mário Sérgio Melo. Os 392 mil hectares de área da Escarpa Devoniana têm belezas naturais, como cânions (entre eles o Guartelá), vales, rios e campos naturais.
"O patrimônio geológico é muito rico e a própria criação da APA é oportuna para se preservar tudo isso", analisa. A formação furnas tem importância no ciclo da água e, por isso, o professor chama a atenção para a conservação da unidade. "Os próprios empresários do agronegócio têm de pensar no longo prazo porque têm a ganhar com a conservação", diz Melo. Quem se integra à área pode receber parte do ICMS Ecológico gerado na unidade. Com o novo mapa, que entrará em vigor através de uma portaria, a área ganhará 608 hectares. Hoje, a unidade tem 392.971 hectares e é a maior das nove APAs do Paraná.
Conforme a gerente da APA da Escarpa Devoniana e chefe do Departamento Socioambiental do Instituto Ambiental do Paraná (IAP), Margit Hauer, o novo mapa não traz mudanças significativas na APA. Ela continua sendo uma unidade de conservação de uso sustentável, e não será preciso fazer nenhuma desapropriação. O Conselho Gestor da APA fez reuniões para discutir outros usos para a unidade, como o turístico. Um dos projetos em discussão é a delimitação dos caminhos usados pelos tropeiros e o resgate cultural desses espaços.