• Carregando...

Assembleia

Projeto pede detectores em colégios

Paola Carriel

Após a chacina em Realengo, dois projetos de lei para tentar aumentar a segurança nas escolas do Paraná foram apresentados ontem na Assembleia. Um deles prevê a realização de exames psicológicos nos estudantes e outro a instalação de detectores de metal na porta dos colégios. As duas propostas foram feitas pelo deputado estadual Roberto Aciolli (PV). O texto diz que meninos e meninas de escolas públicas e particulares a partir da 5ª série deverão passar por uma avaliação psicológica preventiva no ato da matrícula. O objetivo seria tentar identificar possíveis distúrbios. As informações seriam sigilosas e ficariam somente à disposição da escola. Já a instalação de detectores visa evitar que armas entrem nas salas de aula. Para a coordenadora técnica do Projeto Não Violência, Adriana Bini, detectores são instrumentos de repressão e controle e a segurança passa pela educação e prevenção. "O papel dos professores é socializar e ajudar a resolver conflitos de forma pacífica." Sobre a avaliação psicológica, ela afirma que nenhum profissional poderia prever algo como a tragédia no Rio. "Foi algo pontual. Ações imediatistas não vão resolver."

A missa de sétimo dia e o culto ecumênico em memória das 12 crianças mortas no massacre da Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, na zona oeste do Rio, reuniu cerca de 2,5 mil pessoas, em frente ao colégio, de acordo com a Arquidiocese do Rio. Fa­mi­­liares dos estudantes, líderes religiosos, parentes de vítimas da violência e representantes do poder público estiveram presentes. O sargento da Polícia Militar Márcio Alexandre Alves, que impediu a continuação da chacina ao ferir o atirador e ex-aluno da escola Wellington Menezes de Oliveira, foi recebido aos gritos de herói. Ele emocionou o público ao pedir que o colégio não fosse abandonado pelos alunos. "Aqui vocês terão todo o apoio necessário", disse.Muito emocionados, os parentes das crianças mortas assistiram às cerimônias sentados nas primeiras fileiras. Eles receberam a solidariedade dos familiares de vítimas da violência em casos de repercussão no país. Ana Carolina Oliveira, mãe de Isabela Nardoni, morta pelo pai, Alexandre Nar­­doni, e pela madrasta, Ana Carolina Jatobá, em 2008, veio de São Paulo para a missa. "Eu vim até o Rio para dar o meu apoio, pois eu recebi muita solidariedade dessas mães quando minha filha morreu e agora faço minha parte como mãe e cidadã", disse. Ana assistiu à cerimônia ao lado de Cristiane Marcenal, mãe de Joanna Marcenal, cuja morte pode ter sido causada por maus-tratos quando estava aos cuidados do pai e da madrasta, em agosto de 2010.

Muito aplaudido no ato ecumênico, o presidente do Con­­selho de Ética da União Nacional das Entidades Islâmica, Sheik Jihad Hassan Hammadeh, disse, após a cerimônia, que muçulmanos foram hostilizados no Rio e em São Paulo, depois da divulgação de que o atirador estudava o Alcorão, livro sagrado dos muçulmanos. "Alguns meios de comunicação tentaram associar a pessoa [do assassino] com o islamismo sem evidência nenhuma. Minha mulher foi chamada de terrorista no trânsito em São Pau­­lo. No Rio, um homem ameaçou apedrejar a loja de um muçulmano, mas acho que a situação já foi controlada", relatou. Ele afirmou que nos cultos recomenda serenidade aos fiéis neste momento.

Cartazes

Ao final do ato ecumênico, os líderes religiosos retiraram os cartazes e faixas de solidariedade dos muros da escola. O objetivo é que no retorno às aulas, marcado para a próxima segunda-feira, as crianças encontrem apenas a escola e não o cenário de uma chacina. O arcebispo do Rio, dom Orani João Tempesta, disse que "é hora de seguir em frente". "Aqui tem que se tornar um lugar onde as crianças possam estudar com tranquilidade. Entregamos a Deus todos os pedidos colocados na frente da escola após sete dias, como diz a tradição católica, para que possamos retomar a vida com novos compromissos", afirmou. Dois helicópteros da Polícia Civil jogaram pétalas de rosa durante as cerimônias.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]