
Lixo hospitalar do Hospital da Providência, de Apucarana (Norte do Paraná), foi encontrado à venda em uma loja de Ilhéus, na Bahia. O hospital paranaense está em uma lista com outras 44 instituições de saúde cujos nomes apareceram em materiais encontrados na loja. A informação foi confirmada pela Delegacia de Furtos e Roubos de Ilhéus (BA), que investiga o caso.
A delegada baiana Andrea Oliveira dos Santos informou que grande parte das roupas estava com manchas de sangue e medicamentos. "Durante a perícia foram separadas algumas peças para análise da matéria orgânica presente nas roupas", disse. Ela contou que o dono da loja foi indiciado e iria prestar depoimento ontem. Andrea afirmou que o proprietário alega que comprou o material como sendo novo. "Mas além das peças estarem manchadas, em jalecos e camisas tinham etiquetas com o nome da pessoa que usava."
A delegada ressaltou que o comércio dessas peças contaminadas é totalmente ilegal e que todo o material hospitalar precisa ser incinerado por empresa licenciada e descartado em local adequado, especificado por lei municipal. Se condenado, o dono da loja vai responder por crime ambiental, com pena de 1 a 4 anos e multa.
A lista com a relação de todos os hospitais que teriam supostamente vendido esses materiais foi encaminhada para todas as autoridades de saúde competentes. No Paraná, as investigações sobre o caso devem ser feitas pelo Núcleo de Repressão dos Crimes contra a Saúde, em Curitiba.
Plano de resíduos
A Vigilância Sanitária do Paraná foi acionada pela polícia de Ilhéus a respeito do caso e informou que fará uma averiguação no Hospital da Providência. Conforme a assessoria de imprensa da Secretaria de Estado da Saúde, o objetivo é verificar se a instituição cumpre a resolução RDC 036/04, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que prevê um plano de gerenciamento de resíduos hospitalares. A vigilância irá checar se o hospital tem esse plano, se ele é cumprido, como e onde descarta os materiais. Caso as determinações não sejam cumpridas, podem haver autuações.
De acordo com informações da Delegacia de Ilhéus, o dono da loja baiana teria dito que comprou o material em um estabelecimento no bairro do Brás, em São Paulo, capital. Procurada, a loja mencionada afirmou que comercializa apenas produtos de cama, mesa e banho. A reportagem também ligou para o Hospital da Providência de Apucarana, mas por volta das 15 horas não havia nenhum diretor para falar sobre o caso. Às 17h30, ninguém atendeu o telefone.
Com informações de Fernanda Trisotto e Flavio Almeida.



