Brasília Pela primeira vez na década, os representantes do Paraná no Congresso Nacional devem escolher hoje por votação o novo coordenador da bancada. Os deputados Alex Canziani (PTB), Dilceu Sperafico (PP) e Rodrigo Rocha Loures (PMDB) são os candidatos. Os dois últimos líderes, José Borba (ex-deputado pelo PMDB) e Chico da Princesa (PR) ficaram no cargo durante oito anos, sem ter passado por eleição.
A principal tarefa do coordenador é cuidar do andamento das emendas de bancada dos parlamentares paranaenses ao Orçamento da União, que ficam em torno de R$ 200 milhões por ano. Além disso, age politicamente como interlocutor do grupo com os governos estadual e federal, tanto no recebimento quanto no envio de demandas. Chico assumiu a função em 2005, após Borba renunciar ao mandato por denúncias de envolvimento com o mensalão.
Apesar do interesse de três parlamentares em ficar com o cargo, ainda não está descartada a possibilidade de um acordo para evitar a disputa no voto. Ontem à noite, muitos acreditavam na formação de uma "chapa" com Sperafico como coordenador e Canziani como adjunto. Rocha Loures prometeu, entretanto, que não vai se retirar da disputa, mesmo que o confronto se encaminhe para uma vitória dos adversários.
A bancada paranaense é a sexta maior dos 26 estados e Distrito Federal, com 30 deputados e três senadores. Para que a escolha seja válida, é necessária a participação de 17 parlamentares na reunião. Antes da votação, eles têm um café da manhã, às 8h30, com o prefeito de Curitiba, Beto Richa (PSDB).
Os três candidatos apresentam propostas similares e defendem ao menos uma em comum o mandato de um ano, sem reeleição. "Essa mudança é necessária e vai fazer bem para todos nós", diz Sperafico. Atualmente, não há qualquer regra sobre o tema e o coordenador pode permanecer no cargo indefinidamente.
Mais experiente do que Canziani e Rocha Loures, ele defende que a bancada tenha "um pouquinho mais de diálogo". Sperafico representa o Oeste do estado, está no quarto mandato e é um dos principais nomes da bancada ruralista no Congresso. Apesar do favoritismo, intensificou a campanha ontem, enviando um ofício a todos os colegas sobre o desejo de ser coordenador.
Canziani despontava há duas semanas como o único interessado no cargo. Chegou a tentar uma composição com Sperafico como adjunto, mas não conseguiu. Hoje aceitaria ficar na situação inversa e admite não enfrentar o colega em votação. "Minha principal bandeira é a troca periódica de coordenador, não importa em qual ordem isso vai ocorrer", afirma o representante da região de Londrina
O curitibano Rocha Loures desponta como "azarão". Segundo os deputados, o que mais pesa contra ele é a inexperiência o peemedebista cumpre apenas o primeiro mandato na Câmara. "Essa história de ser muito novo não faz sentido. O que menos me importa é o cargo, mas o que eu posso fazer de diferente."
Ele tem feito campanha desde a semana passada. Ontem, enviou uma carta aos 32 colegas, expondo os principais pontos que defende para a criação de um novo modelo de coordenação. "Quero melhorias em quatro áreas: transparência, rotatividade no cargo, igualdade entre os parlamentares na condução das emendas e a criação de um calendário de reuniões da bancada."



