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Peritos da Marinha argentina e mergulhadores começaram ontem o trabalho de remoção do barco | Cristhian Rizzi/Gazeta do Povo
Peritos da Marinha argentina e mergulhadores começaram ontem o trabalho de remoção do barco| Foto: Cristhian Rizzi/Gazeta do Povo

Entrevista

Elinor Schwartz, 63 anos, norte-americana, uma das sobreviventes do acidente

Como foi o momento do acidente?

Quando o barco bateu, ficamos imersos na água, provavelmente uns três metros. Pareceu passar muito mais de um minuto para chegarmos à superfície. O resgate foi difícil. As quedas faziam a água ficar muito turbulenta e as rochas onde nós poderíamos nos apoiar estavam muito longe, passaríamos por uma correnteza muito forte. Não poderíamos ter saído de lá sem o resgate.

Na sua avaliação, o resgate foi satisfatório?

O resgate com corda poderia ter sido mais profissional. Já escalei montanhas, sei que eles fizeram o melhor, mas precisam de um treinamento verdadeiramente sério. Deveríamos ter sido tirados de lá com suportes, que seguram nas pernas e cintura. Eles só tinham corda. Felizmente, só tive alguns arranhões.

Na sua percepção, o que provocou o acidente?

Batemos nas rochas, ou havia uma grande quantidade de água turbulenta que fez com que o barco chocasse contra as rochas. As pessoas que vão nesses passeios deveriam ser orientadas sobre o que fazer em algum acidente.

Puerto Iguazú - O choque com uma rocha é a possível causa do acidente de barco no lado argentino das Cataratas do Iguaçu, que matou dois norte-americanos e feriu oito pessoas na última segunda-feira. Uma das sobreviventes, a norte-americana Elinor Schwartz, 63 anos, disse que a embarcação bateu em uma rocha antes de virar. Fontes ouvidas pela Gazeta do Povo informaram que a lancha tem um rombo no casco.

O caso será esclarecido após a conclusão da perícia no barco, iniciada ontem. Dez peritos da Marinha argentina, com auxílio de mergulhadores, estão no local do acidente, no Rio Iguaçu, para fazer o trabalho e remover o barco, batizado de Alex. Até o final da tarde de ontem, a embarcação ainda permanecia virada com apenas a proa para fora d’água.

Ainda não há previsão para o término da perícia, considerada fundamental para a conclusão do caso, segundo a empresa Iguazú Jungle. Miguel Rubianes, funcionário da empresa, disse ontem que a embarcação estava com a documentação em dia e que o piloto, Mario Aguirre, 42 anos, era ha­­bilitado pela Marinha argen­­tina. Como as condições climáticas também eram favoráveis, fazia sol e a vazão das Cataratas estava baixa, 900 metros cúbicos por segundo – a média é 1,2 mil m3/s –, ainda não há pistas do que pode ter ocorrido, segundo a empresa. "A perícia é que vai determinar as causas", afirmou Rubianes.

A Iguazú Jungle, concessionária do serviço, atua no parque argentino desde 1996. O setor de navegação é regulamentado pela Marinha do país, que fiscaliza diariamente as embarcações no local, segundo Rubianes. Ele diz que a empresa segue um protocolo estabelecido pela Marinha no qual há uma série de exigências. Todos os dias, de acordo com ele, os barcos são submetidos a uma checagem e o resultado é anotado em planilhas. São revistos 11 itens, incluindo cargas de baterias, combustível e controle do sistema de alarme. Todas as seis embarcações da empresa têm extintor de incêndio e os passageiros são obrigados a usar cinto de segurança. Como no Brasil, o turista não precisa assinar termo de ciência dos riscos para fazer o passeio.

Os marinheiros das embarcações são treinados a cada seis meses e submetidos a exames clínicos periódicos, segundo a empresa. Os barcos também passam por uma vistoria minuciosa da Marinha a cada dois anos.

O passeio de barco ainda permanece suspenso no lado argentino do parque. Ontem, um grupo de turistas israelenses que havia incluído o trajeto de barcos no pacote de viagem observava de longe a perícia na embarcação. Dália Abarbanel, 47 anos, funcionária de um banco em Israel, era uma delas. "Fiquei com medo", afirmou. Já outros turistas disseram que gostariam de fazer o passeio pelo rio, mesmo sabendo do acidente.

Vítimas

Ontem chegaram a Puerto Igua­zú, na fronteira com Foz do Igua­çu, os primeiros familiares dos norte-americanos mortos na tragédia, Laura Eberts, 28 anos, e Philip Musgrove, 70. O site argentino Misiones Online divulgou ontem que Musgrove é economista do Banco Mundial e ex-assessor da Organização Mundial da Saúde (OMS). Laura estava em lua de mel e o marido, Robert Eberts, 27 anos, sobreviveu ao acidente. Ele ficou em estado de choque após a tragédia.

A Embaixada norte-americana na Argentina auxilia no translado dos corpos que ainda não foram liberados. A investigação do acidente está sendo conduzida pelo Juizado de Instrução n.º 3, em Puerto Iguazú.

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