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Para saber os telefones do comércio do bairro, os vizinhos só precisam ter o número do Bar e Pastelaria Juvevê. Lá o proprietário, Ricardo Doi, 56 anos, informa o número do mecânico, marceneiro, encanador... Todos estão anotados nas portas do balcão-frigorífico. Todos são fregueses da casa. E todos quando morrem entram numa lista que Ricardo faz há 23 anos.

São cerca de 150 clientes falecidos anotados num papel amarelado, com a data da morte, apelido e profissão. "É uma maneira de eu lembrar de cada um", explica Ricardo.

O atendimento é dividido com a esposa, Massako. Ele cuida do bar, um corredor estreito de cerca de três metros. Ela comanda a pastelaria, cujas especialidades vão além de carne-queijo-palmito. São 96 sabores. Os tamanhos vão do mini ao especial, conhecido por orelha de elefante: 20 centímetros de comprimento por 10 de largura e cerca de meio quilo.

Apelido, aliás, é o que não falta aos quitutes e bebidas. No balcão, é possível ouvir gente pedindo uma "água de valeta e um globo da morte" ou uma "maria-mole com vera fischer". Traduzindo: globo da morte é o quibe com ovo (o formato arredondado lembra o espetáculo circense com motos) e vera fischer é a asa de frango. Maria-mole é conhaque com Martini e água de valeta é Underberg com soda e limão.

A amizade no bar é tamanha que em 2005 os fregueses chegaram a alugar uma van para ir até Doutor Ulisses, a 135 quilômetros de Curitiba, no Vale do Ribeira, no casamento do garçom Ezequias de Matos, o Zeca, 26 anos. "Aqui o pessoal ‘castiga’ de mim, pedindo cerveja toda hora. Lá, eles maneiraram, porque sobraram cinco caixas", revela.

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