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Vídeo| Foto: TV Paranaense

Aparecida – Dirigentes da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e o arcebispo de Aparecida, Raimundo Damasceno, afirmaram ontem, em entrevista à imprensa estrangeira, que os fiéis brasileiros serão os "missionários’’ no combate à legalização do aborto no país.

Para mostrar sintonia com o Papa Bento XVI, padres também abordaram o tema em missas que foram realizadas desde o início da manhã de ontem no santuário nacional de Nossa Senhora Aparecida.

A polêmica sobre o aborto também se tornou o principal tema entre religiosos e turistas que já começaram a chegar a Aparecida para acompanhar a 5.ª Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe (Celam), evento do qual o Papa vai participar.

De acordo com a CNBB, a "defesa pela vida’’ será um dos principais temas do encontro. Bento XVI – que logo no discurso de chegada ao Brasil condenou o aborto – abre a conferência no domingo à tarde, antes de retornar a são Paulo e voltar ao Vaticano.

"Nem todo exemplo deve ser seguido por outro país. No caso do México [(que aprovou a descriminalização do aborto), acho que o Brasil não deve seguir de forma alguma. Evidentemente, o aborto não é algo bom’’, afirmou o arcebispo de Aparecida à uma rádio colombiana. "Aqui no Brasil, nossos fiéis serão missionários em defesa pela vida’’, acrescentou Damasceno.

Segundo bispos, a intenção é aproveitar a visita do papa para "estancar a discussão sobre o aborto’’. "Muito político vai ficar inibido com a reação da igreja’’, acredita um bispo da CNBB, que pediu sigilo do nome "para não acirrar ânimos’’.

Na quarta-feira, porém, o ministro da Saúde polemizou ao afirmar, logo após o discurso de chegada do Papa, que a condenação do aborto feita pela Igreja é "descabida’’.

Protesto

Com faixas e encenação, um grupo de mulheres protestaram ontem em frente à igreja Santo Antônio, no centro do Recife, contra os dogmas da Igreja Católica, que se posiciona contra métodos contraceptivos, homossexualismo e aborto.

Uma mulher, vestida como a Virgem Maria, trazia um cartaz escrito "gravidez só quando desejada". Outra carregava uma pesada cruz com bonecos nas costas – representando filhos – e elementos mostrando a vida dura das mulheres pobres sem direito à saúde, educação, sustento.

"Basta de celibatários falando em nosso nome, as mulheres têm o direito de decidir o que é melhor para elas", afirmou Maria Helena Mutzenberg, da organização Católicos pelo Direito de Decidir. "A canonização de Frei Galvão e a vinda do Papa pode levar ao avanço das práticas fundamentalistas", reforçou Luizabeth Amorim, do Fórum de Mulheres de Pernambuco.

Embora não tenha atraído muita gente, o protesto gerou polêmica. Muitos tentavam entender o que as mulheres queriam dizer. Alguns expressavam o espírito machista que as feministas combatem. "Só engravida quem quer", afirmou Sílvio Carvalho, que passava no local.

A grande maioria mostrou-se contra o aborto. Alguns acreditam, porém, que a Igreja deve se modernizar. "A Igreja deve se adaptar ao mundo de hoje", afirmou a engenheira de sistemas Aline Timóteo.

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