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Covas abertas para o sepultamento dos corpos das vítimas da maior chacina da história do Paraná. Quinze pessoas foram mortas às margens do Lago de Itaipu, em Guaíra, na segunda-feira | Rodolfo Bührer/Gazeta do Povo
Covas abertas para o sepultamento dos corpos das vítimas da maior chacina da história do Paraná. Quinze pessoas foram mortas às margens do Lago de Itaipu, em Guaíra, na segunda-feira| Foto: Rodolfo Bührer/Gazeta do Povo

Brasil e Bolívia irão reforçar região de fronteira

Brasil e da Bolívia concordaram nesta quinta-feira (25) em reforçar o controle militar e policial da fronteira, especialmente na região amazônica, em função do aumento do contrabando e do tráfico de drogas. A decisão foi tomada durante visita do ministro boliviano da Defesa, Walker San Miguel, a seu colega Nelson Jobim e em momento em que a sensibilidade das zonas de fronteiriças veio à tona. Na segunda-feira, 15 brasileiros foram mortos e sete ficaram feridos em uma briga de quadrilhas que disputam o contrabando e o tráfico de drogas e de armas em Guaíra, no Paraná, na fronteira do Paraguai.

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Após três dias da maior chacina no Paraná, a população de Guaíra, no Oeste do estado, segue com receio de andar pelas ruas. Os autores do crime ainda não foram presos. Um boato na cidade aumenta a sensação de medo. Depois das 15 mortes violentas da tarde de segunda-feira (22), haveria uma lista com o nome de outras 18 pessoas marcadas para morrer. A Polícia Civil e Federal não confirmam essa informação. Os moradores temem ainda possibilidade de vingança.

Os três suspeitos pelo crime Jair Correia, Gleison Correia e Ademar Franco Luiz continuam soltos. De acordo com a polícia, eles podem estar escondidos em Salto del Guayrá, no Paraguai. "A polícia paraguaia está fazendo buscas, mas ainda não conseguiram nada de concreto", disse o delegado-chefe da PF em Guaíra, Érico Saconato. Também há o receio de vingança na cidade. Familiares das pessoas mortas na chacina estariam revoltados com o crime, segundo a polícia.

"Tudo mundo está assustado com o crime. Tem bastante movimento de policiais nas ruas da cidade", afirmou uma comerciante que trabalha no Centro de Guaíra, mas pediu para não ser identificada, com medo de retaliações. De acordo com o presidente da Colônia de Pesca V-13 de Guaíra, José Cirineu Machado, a sensação de insegurança já existia na cidade, mas agora ficou mais forte.

Um dos pontos de pesca em que trabalha fica a 800 metros do local onde houve a chacina. "Escutamos todos os tiros. Isso foi bastante triste para a nossa região, entre os 15 mortos existiam pessoas que não tinham nada a ver com o assunto (drogas)", explicou Cirineu. Segundo o pescador, o crime ainda é bastante comentado na cidade. "As pessoas estão temerosas, nós que também trabalhamos à noite, já não estamos mais indo neste período", definiu.

Investigações

A PF não acompanha mais o caso, segundo o delegado. "Ajudamos no início das investigações, agora a situação está a cargo da Polícia Civil", definiu. Nesta quinta-feira (25) um investigador da Polícia Civil de Guaíra acompanhou as buscas dos policiais paraguaios em Salto del Guayrá.

Depois da chacina, o efetivo da polícia foi aumentado para fazer a segurança da cidade. Na tarde de quarta-feira (24) foram apreendidas 25 armas de diversos calibres e munição, em uma tornearia do município. A suspeita da polícia é que o armamento era utilizado para abastecer as gangues de Guaíra.

Reconstituição da chacina

Na manhã de quarta-feira a polícia fez a reconstituição da chacina, que deixou 15 mortos e 8 feridos. De acordo com o investigador José Carlos Albino, da Polícia Civil de Guaíra, foram cerca de duas horas para os policiais e investigadores filmarem e levantarem todas as informações sobre o local do crime, um sítio às margens do Lago de Itaipu.

A montagem da cena do crime foi realizada com base na versão de uma das testemunhas, uma adolescente de 16 anos que presenciou o massacre, do qual seu marido foi vítima.

O crime

A chacina teria sido motivada por uma dívida de R$ 4 mil entre narcotraficantes. Das 15 pessoas mortas, duas eram mulheres – uma delas, menor de idade. Segundo a Sesp, algumas vítimas teriam envolvimento com uma quadrilha comandada por Jocemar Marques Soares, mais conhecido como "Polaco", que já tinha passagem pela polícia por tráfico de drogas. Oito pessoas ficaram feridas – algumas delas se fingiram de mortas para escapar da execução. Uma mulher e duas crianças escaparam sem ferimentos.

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