Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
médicos

Bônus para residentes provoca polêmica

Estudantes que trabalharem em áreas pobres terão aumento nas notas das provas para cursos de residência médica

Para Antônio Lopes, da Unifesp, recém-formados não estão preparados para atuar | Guilherme Maranhão/Folhapress
Para Antônio Lopes, da Unifesp, recém-formados não estão preparados para atuar (Foto: Guilherme Maranhão/Folhapress)

O programa federal que pretende levar médicos recém-formados para trabalhar em regiões carentes do país causou uma batalha entre dirigentes universitários e governo. O programa concede bônus nas provas de ingresso nos cursos de residência médica a alunos que aceitarem trabalhar em áreas pobres. Os críticos da medida alegam que ela interfere na autonomia universitária. Tam­­bém duvidam que o programa conseguirá suprir a carência de profissionais na periferia das grandes cidades e em municípios pobres.

A iniciativa abrirá 2 mil vagas a partir de 2012, e os médicos que trabalharem por um ano nas regiões a serem definidas terão 10% de bônus na prova de residência, além do salário pago pelas prefeituras. Os profissionais que ficarem dois anos terão 20% de bônus. O curso de residência dá ao médico o título de especialista e é bastante disputado, com 10 mil postos para 13.800 formandos por ano.

A crise veio à tona no mês passado, quando as quatro universidades estaduais paulistas (USP, USP-Ribeirão Preto, Unicamp e Unesp) enviaram uma carta para a Comissão Nacional de Residência Médica do Ministério da Educação em que pedem a revogação da resolução. Elas afirmam que a medida é "uma flagrante interferência na autonomia universitária" e causa "distorção do processo ao macular a seleção por mérito".

Supervisão

A Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) ainda não tomou uma posição oficial, mas o diretor da Escola Paulista de Medicina, da instituição, Antonio Carlos Lopes, avalia que os médicos não têm condições de exercer a profissão sem supervisão logo depois de deixarem as instituições de ensino. O Conselho Federal de Medicina, por sua vez, apoiou a iniciativa e participou das discussões sobre sua formatação.

O programa, que é uma parceria dos ministérios da Saúde e da Educação, prevê que os profissionais tenham supervisão de instituições de ensino. Um dos objetivos é usar o Telessaúde, portal do Ministério da Saúde que permite a troca de informações sobre o paciente, com o envio de exames, por exemplo.

O presidente do Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp), Renato Azevedo Júnior, acredita que o problema da falta de médicos poderia ser resolvido se fosse criado um plano de carreira para os profissionais dentro do Sistema Único de Saúde. Os médicos iniciariam a carreira nas regiões mais distantes e, conforme fossem progredindo, poderiam se transferir para as áreas centrais. De acordo a secretaria-executiva da Co­­missão Nacional de Residência Médica (CNRM) do Ministério da E­­du­­cação, foi realizada uma pesquisa com estudantes de Me­­dicina, que apontaram que a bo­­nificação para residência seria um fator de atração para as regiões carentes. A secretária-executiva da CNRM, Maria do Patro­­cínio, acredita que a supervisão dos médicos, mesmo que a distância, pode ser eficiente.

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.