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Rio de Janeiro - A Pnad 2008 apontou que no ano passado, pela primeira vez, mais da metade da população brasileira – 50,6% dos habitantes, ante 50% em 2007 – se de­­clarou negra. Para o IBGE, a po­­pulação de negros é igual à soma de pretos e de pardos. Na pesquisa, a participação das pessoas que se declaram pretas e brancas no total de brasileiros recuou, enquanto o número de pardos cresceu.

Em 2007, o número de pretos tinha crescido em comparação com 2006, em movimento atribuído por especialistas às políticas de ações afirmativas, como reservas de vagas em universidades públicas para afrodescendentes. Neste ano, contudo, a curva se inverteu.

A sondagem apontou que, em 2007, 42,5% dos brasileiros se diziam pardos, porcentual que subiu para 43,8% em 2008. Os pretos, contudo, reduziram sua participação na população nacional de 7,5% para 6,8%. Houve ainda crescimento dos entrevistados que classificaram sua condição étnica como "outra" (caso de indígenas e de descendentes de orientais, por exemplo) – que passaram de 0,8% para 0,9% dos habitantes do Brasil. Já os que se dizem brancos reduziram sua presença na população – em tendência já observada em pesquisas anteriores – de 49,2% para 48,4%.

"O que vínhamos detectando é que cada vez mais brancos começavam a se declarar pardos, porque aumentava a consciência do seu pertencimento; as últimas Pnads já refletiam esse aumento", disse o pesquisador Renato Ferreira, do Laboratório de Políticas Públicas da Uni­versi­dade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). "Agora, o fato de pretos se declararem pardos não costumava acontecer. Esse indicador nunca acelerou muito. A oscilação apontada (entre os que se dizem pretos) não é tão grande. Pode ser alguma coisa estatística. O que continua valendo é que está aumentando a consciência das pessoas."

Ferreira avalia que a profusão de discussões sobre a questão étnica no Brasil, envolvendo sobretudo os debates sobre as políticas de ação afirmativa, tem levado muitos não-brancos a, pela primeira vez, se questionarem sobre sua condição racial de maneira positiva, o que estaria se refletindo na Pnad. "O debate passou a ter mais espaço na mídia", afirmou.

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