O coordenador do Grupo de Eletricidade Atmosférica, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Osmar Pinto Júnior, conta que o Brasil lidera o ranking mundial de casos, com média anual de 5 milhões de raios. Depois do Brasil, a África do Sul e os Estados Unidos são os países mais atingidos. Segundo ele, a probabilidade de uma pessoa ser atingida por um raio é de uma em um milhão.
Mesmo que o risco de acidentes graves seja remoto, algumas medidas preventivas (veja quadro ao lado) devem ser tomadas para diminuí-lo. O estado com maior número de descargas elétricas é o Amazonas, por causa da sua extensão, seguido por Mato Grosso do Sul. Já a região com maior concentração é a grande São Paulo (área central e ABC), com 12 raios por quilômetro quadrado por ano, informa o Instituto Tecnológico Simepar. Condições geográficas, como proximidade com o oceano e a linha do Equador, são aspectos a serem levados em conta no levantamento, porém a poluição, construções e asfalto nos centros urbanos criam ilhas de calor que aumentam a temperatura da atmosfera local, facilitando a formação de tempestades e raios.
Segundo o meteorologista Marco Antônio Rodrigues Jusevicius, do Simepar, o Paraná tem taxas de seis a oito casos por quilômetro quadrado por ano no Centro-Oeste do estado e nas zonas Norte e Sul de Londrina. Na Grande Curitiba, o número de raios varia de quatro a cinco por quilômetro quadrado em um ano.
Características
O Paraná pode ser considerado local de risco, porque tem muita área verde e seiva de árvores, elementos que atraem as descargas elétricas. Segundo o coordenador do Inpe, o estado está próximo do Paraguai por isso o maior número de casos no Oeste , área da América Latina que ocorre com mais freqüência o encontro de massas de ar frio, vindas do sul, com massas de ar quente, que descem da Amazônia. Isso facilita a formação de tempestades de longa duração, entre 12 a 20 horas.
Em sua avaliação, os registros históricos oscilam ano a ano, mas a tendência é de que nos próximos cinco a 10 anos haja alguma mudança. "Existem fortes evidências, no entanto, que estejam aumentando a freqüência de tempestades, seguidas de raios", diz. Para isso, é preciso haver um monitoramento constante das ocorrências, a fim de entendê-los e tentar minimizar o impacto social, lembra Pinto Júnior. Somente dessa forma, será possível estabelecer métodos e aplicá-los com antecedência às ocorrências para salvar vidas e diminuir o impacto fianceiro. Ele lembra que, na maioria dos eventos, há somente uma morte e muitos feridos. O caso recorde brasileiro de vítimas foi em 1923, em Santos (SP), quando um raio matou seis pessoas. Na África do Sul, em uma mesma ocorrência 14 pessoas foram mortas.



