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Educação

Brasil melhora em matemática, mas segue entre os piores do Pisa

Desempenho brasileiro na avaliação internacional que mede a qualidade do ensino básico é inferior ao de outras nações emergentes

Brasil foi o país que mais evoluiu em matemática desde 2003 entre os 64 analisados, mas ritmo ainda está abaixo do ideal | Antônio de Picolli/Arquivo/Gazeta do Povo
Brasil foi o país que mais evoluiu em matemática desde 2003 entre os 64 analisados, mas ritmo ainda está abaixo do ideal (Foto: Antônio de Picolli/Arquivo/Gazeta do Povo)

O principal teste mundial sobre educação básica mostra que os jovens brasileiros continuam avançando em matemática – ainda que em ritmo mais lento –, mas estagnaram no aprendizado de ciências e retrocederam em leitura.

Com esse desempenho, o Brasil se manteve nas últimas colocações do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) de 2012, que analisa o ensino em 64 países. Ao longo dos últimos dez anos, as notas do país evoluíram, mas num ritmo inferior ao de outros países emergentes ou menos desenvolvidos.

INFOGRÁFICO: Ranking Pisa

No teste anterior do Pisa, realizado em 2009, o Brasil tinha conquistado importante avanços, com acréscimo de 19 pontos em Leitura, 16 em Matemática e 15 em Ciências. Na edição atual, a nota em leitura regrediu dois pontos, chegando a 410, contra uma média de 497 dos países mais ricos. Em Ciências, não houve alteração: 405, para uma média de 501. A única área que teve avanço em 2012 foi matemática, com cinco pontos de acréscimo, chegando a 391.

O Pisa, realizado a cada três anos pela Organização para a Cooperação e De­senvolvimento Eco­nô­mico (OCDE), mede a capacidade dos jovens de 15 anos em interpretar e resolver questões que têm relação com a vida prática nas áreas de matemática, leitura e ciências.

Análise

Para o consultor Luís Carlos de Menezes, o resultado do Brasil no Pisa não surpreende. "Muitos problemas convergem para isso. O principal é a formação do professor, burocrática, longe da escola. Ele precisa aprender com regência de turma, supervisionado por um tutor", diz ele, que é conselheiro da Abramundo, empresa que desenvolve conteúdo de ciências para o ensino fundamental.

Menezes afirma que o professor desta área tem dificuldade em decodificar o mundo em uma linguagem que motive o aluno. "Todos os dias nos deparamos com exemplos científicos, como uma televisão de LED ou uma tabela de informação nutricional. Mas o ensino é burocrático, sem prática, não só em ciências, como em outras áreas."

Em relação ao desempenho do Brasil em leitura, a doutora em Educação Araci Asinelli da Luz pondera que a escola privilegia os livros clássicos, descolados da realidade dos jovens. "A leitura feita à parte, por conta própria, não é valorizada, e assim o ensino de Língua Portuguesa fica muito operacional."

Segundo ela, que é conselheira da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em vez de ser vista como um obstáculo à leitura, a tecnologia deve se tornar aliada na construção de um diálogo entre professor e aluno.

Diferença na rede pública é de até 4 anos

Agência Estado

Os dados do Pisa 2012 indicam um abismo entre as redes pública e particular de ensino, mas também uma grande diferença no desempenho entre as escolas estaduais, municipais e federais. Com as maiores médias do país, a rede federal tem 154 pontos a mais do que a rede municipal na média geral das áreas – distância equivalente a 3,8 anos escolares, uma vez que 40 pontos no Pisa equivalem a um ano de escola.

As médias da rede municipal são as menores nas três áreas avaliadas pela prova. Na sequência, aparecem as escolas estaduais, particulares e federais.

A maior diferença na rede pública ocorre em leitura: as escolas federais têm 158 pontos a mais do que o registrado pelas municipais. Em matemática e ciências, a distância entre as duas redes é de 151 e 152 pontos, respectivamente.

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