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Brasil foi o país que mais evoluiu em matemática desde 2003 entre os 64 analisados, mas ritmo ainda está abaixo do ideal | Antônio de Picolli/Arquivo/Gazeta do Povo
Brasil foi o país que mais evoluiu em matemática desde 2003 entre os 64 analisados, mas ritmo ainda está abaixo do ideal| Foto: Antônio de Picolli/Arquivo/Gazeta do Povo

Por estado

Paraná perde posições nas três áreas avaliadas

Em relação ao teste Pisa anterior, os jovens do Paraná apresentaram decréscimo da nota nas três áreas de conhecimento. O mesmo ocorreu em outras unidades da federação com ensino desenvolvido, como Distrito Federal e Minas Gerais, que tiveram quedas acentuadas. Especialistas e a Secretaria de Estado da Educação consultados pela reportagem solicitaram mais tempo para avaliar os resultados.

Mesmo com o desempenho inferior em 2012, as notas do Paraná ficaram acima da média nacional. O estado registrou 391 pontos em matemática, 405 em ciências e 410 em leitura – com isso, ficou em sétimo lugar no ranking dos estados, nas três áreas. Em 2009, o Paraná havia sido o quinto colocado.

Em matemática, a melhor colocação foi do Distrito Federal, com 416 pontos. Em leitura, o destaque foi o Rio Grande do Sul (433) e, em ciências, o Espírito Santo (428). (RF)

Ministro

Brasil teve "grande avanço", diz Mercadante

O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, fez um balanço positivo da evolução do Brasil no Pisa, especialmente na área de Matemática. "A nossa fotografia ainda não é boa e não temos que nos acomodar com isso. Porém, o nosso filme é muito bom. Quando olhamos o filme, somos o primeiro da sala", disse.

Para ele, iniciativas como competições escolares estimulam o aumento da performance dos estudantes. "Uma das iniciativas relevantes que ajudam é a olimpíada de matemática. Isso mobiliza muito a rede, os gestores, gera muito autoestima e motivação dos estudantes. Esse é um dos instrumentos que ajudou decisivamente no salto de qualidade na década."

A diretora-executiva da ONG Todos pela Educação, Priscila Cruz, concorda que há resultados a serem comemorados. "Mas, considerando que o país tem um dos maiores PIBs do mundo, a situação deveria ser melhor. Ao aluno que está hoje na escola não interessa que o sistema estará melhor daqui a uma década", afirma.

O Brasil gasta o equivalente a US$ 26.765 por aluno, entre 6 e 15 anos, menos de um terço das despesas médias da OCDE (US$ 83.382 por estudante). (Das agências)

O principal teste mundial sobre educação básica mostra que os jovens brasileiros continuam avançando em matemática – ainda que em ritmo mais lento –, mas estagnaram no aprendizado de ciências e retrocederam em leitura.

Com esse desempenho, o Brasil se manteve nas últimas colocações do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) de 2012, que analisa o ensino em 64 países. Ao longo dos últimos dez anos, as notas do país evoluíram, mas num ritmo inferior ao de outros países emergentes ou menos desenvolvidos.

INFOGRÁFICO: Ranking Pisa

No teste anterior do Pisa, realizado em 2009, o Brasil tinha conquistado importante avanços, com acréscimo de 19 pontos em Leitura, 16 em Matemática e 15 em Ciências. Na edição atual, a nota em leitura regrediu dois pontos, chegando a 410, contra uma média de 497 dos países mais ricos. Em Ciências, não houve alteração: 405, para uma média de 501. A única área que teve avanço em 2012 foi matemática, com cinco pontos de acréscimo, chegando a 391.

O Pisa, realizado a cada três anos pela Organização para a Cooperação e De­senvolvimento Eco­nô­mico (OCDE), mede a capacidade dos jovens de 15 anos em interpretar e resolver questões que têm relação com a vida prática nas áreas de matemática, leitura e ciências.

Análise

Para o consultor Luís Carlos de Menezes, o resultado do Brasil no Pisa não surpreende. "Muitos problemas convergem para isso. O principal é a formação do professor, burocrática, longe da escola. Ele precisa aprender com regência de turma, supervisionado por um tutor", diz ele, que é conselheiro da Abramundo, empresa que desenvolve conteúdo de ciências para o ensino fundamental.

Menezes afirma que o professor desta área tem dificuldade em decodificar o mundo em uma linguagem que motive o aluno. "Todos os dias nos deparamos com exemplos científicos, como uma televisão de LED ou uma tabela de informação nutricional. Mas o ensino é burocrático, sem prática, não só em ciências, como em outras áreas."

Em relação ao desempenho do Brasil em leitura, a doutora em Educação Araci Asinelli da Luz pondera que a escola privilegia os livros clássicos, descolados da realidade dos jovens. "A leitura feita à parte, por conta própria, não é valorizada, e assim o ensino de Língua Portuguesa fica muito operacional."

Segundo ela, que é conselheira da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em vez de ser vista como um obstáculo à leitura, a tecnologia deve se tornar aliada na construção de um diálogo entre professor e aluno.

Diferença na rede pública é de até 4 anos

Agência Estado

Os dados do Pisa 2012 indicam um abismo entre as redes pública e particular de ensino, mas também uma grande diferença no desempenho entre as escolas estaduais, municipais e federais. Com as maiores médias do país, a rede federal tem 154 pontos a mais do que a rede municipal na média geral das áreas – distância equivalente a 3,8 anos escolares, uma vez que 40 pontos no Pisa equivalem a um ano de escola.

As médias da rede municipal são as menores nas três áreas avaliadas pela prova. Na sequência, aparecem as escolas estaduais, particulares e federais.

A maior diferença na rede pública ocorre em leitura: as escolas federais têm 158 pontos a mais do que o registrado pelas municipais. Em matemática e ciências, a distância entre as duas redes é de 151 e 152 pontos, respectivamente.

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