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Genebra (Suíça) – O Brasil negocia acordo de cooperação nuclear com a Índia e indicou que seria seu aliado na tentativa de convencer os principais fornecedores de urânio do mundo a facilitar o fluxo do produto para usinas indianas. O anúncio foi feito em Nova Délhi (Índia) pelo chanceler Celso Amorim, no fim da semana passada. O tema fará parte da agenda da viagem do presidente Lula à India, em junho. Se o país quer o apoio do Brasil na questão nuclear, o Itamaraty não esconde sua intenção de convencer a Índia a ampliar a cooperação e o comércio no setor do etanol.

A imprensa indiana interpretou as declarações de Amorim como uma tentativa do Brasil, que tem uma das maiores reservas de urânio do mundo, de tirar proveito do acordo entre os EUA e a Índia e aumentar suas exportações. O acordo para uso de energia nuclear assinado no ano passado reverteu uma posição norte-americana que já durava 40 anos de desconfiança em relação à política indiana de desenvolvimento de armas. Pelo acordo, os EUA forneceriam tecnologia e equipamentos ao governo indiano.

Já a Índia teria de separar seus programas militares dos civis e aceitaria ainda inspeções internacionais em 14 de suas 22 plantas nucleares.

Mas para se tornar operacional o acordo precisa de aval do Grupo de Fornecedores Nucleares, bloco dos 44 maiores fornecedores de urânio do mundo, entre eles o Brasil.

Para evitar a proliferação de armas, o grupo avalia cada pedido de importação de urânio e há anos mantém posição restritiva em relação à Índia. Japão e China resistem a dar seu aval.

Na Índia, Amorim indicou que o Brasil, por outro lado, estaria disposto a analisar a questão de forma positiva. Ele deixou claro, porém, que o Brasil terá de seguir suas "obrigações internacionais" e o acordo teria de ocorrer dentro das regras da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e apenas para uso pacífico.

Já questão do etanol promete ser um dos principais pontos da visita do presidente Lula à Índia. A expectativa é de que possa haver um acordo de cooperação também nessa área.

Os dois países acertaram nos últimos dias um compromisso de Nova Délhi de ajudar o Brasil a criar um mercado internacional de biocombustível.

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