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Desastres

Brasil só terá prevenção eficaz em 2015

Governo federal anuncia criação de um sistema nacional de alerta, mas implantação vai demorar quatro anos. Defesa Civil será reestruturada

Cenário de caos em Nova Friburgo: tragédia levou governo federal a projetar sistema de prevenção a catátrofe | Daniel Castellano / Gazeta do Povo
Cenário de caos em Nova Friburgo: tragédia levou governo federal a projetar sistema de prevenção a catátrofe (Foto: Daniel Castellano / Gazeta do Povo)

Brasília - As chuvas que mataram 672 pessoas na região serrana do Rio de Janeiro levaram o governo federal a anunciar ontem a implantação de um sistema nacional de alerta e prevenção de desastres naturais, a partir de um cruzamento de dados meteorológicos e o mapeamento das áreas de risco do Brasil. A implantação só está prevista para terminar em 2015. O anúncio incluiu a reestruturação da Defesa Civil em todo o país e foi feito durante reunião ministerial comandada pela presidente Dilma Rousseff, no Palácio do Planalto.

O sistema inclui o aperfeiçoamento da coleta de informações meteorológicas, o mapeamento das áreas de risco e o treinamento de pessoal e da população. O ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, disse que há um mês o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) recebeu um supercomputador para coleta de dados, que permitirá maior precisão nas previsões meteorológicas. Mas ainda será preciso comprar 700 novos radares e interligar a rede de equipamentos.

"O prazo máximo [para a implantação do sistema] é de quatro anos, mas esperamos respostas já no próximo verão", disse Mercadante. A coordenação ficará a cargo da pasta da Ciência e Tecnologia. O projeto ainda não tem orçamento autorizado. Mercadante vai debater com a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, a liberação de recursos para a compra de equipamentos, como as plataformas automáticas de coleta de dados ambientais, além de radares e pluviômetros. São previstos gastos de R$ 480 milhões.

A meta é reduzir em 80% o número de vítimas em áreas cobertas pelo novo sistema até o final do governo. Neste período de quatro anos, o total de vítimas de de­­sastres naturais no país seria reduzido em 50%, estima estudo apresentado à presidente.

Tupã

O novo supercomputador, batizado de Tupã, permitirá a diminuição das áreas climáticas mapeadas dos atuais 20 quilômetros quadrados para 5 quilômetros quadrados. Também terá capacidade para acelerar cálculos e previsões de níveis de chuva. Para isso, será preciso mais satélites, radares e pluviômetros. A intenção é ter uma rede totalmente integrada de radares, incluindo os hoje usados exclusivamente pela Aeronáutica.

O novo sistema terá uma sede central e outras cinco unidades, uma para cada região do país, e também irá integrar os satélites da Aeronáutica. A ideia é que os ministérios da Defesa e da Justiça, por meio das Forças Armadas e da Força Nacional, atuem na "pronta resposta", para retirar pessoas quando alertas forem acionados ou em casos como o do Rio, onde é preciso fazer resgate e salvamento.

Defesa Civil

Outro desafio é desenvolver o sistema de alerta à população, que precisará contar com a Defesa Civil dos municípios, inexistente na maioria deles. O secretário nacional de Defesa Civil, Humberto Viana, estima que apenas 426 dos 5.565 municípios brasileiros contam com Defesa Civil estruturada. "A Defesa Civil tem muito o que reestruturar. O sistema tem se revelado frágil, é uma realidade. Ninguém vai tapar o sol com a peneira. Temos que encarar a realidade e reagir", disse o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho.

De acordo com Mercadante, o país tem hoje 800 áreas de risco – 500 de deslizamento e 300 de inundação – envolvendo 5 milhões de pessoas. Apenas Rio de Janeiro, São Paulo e Santa Catarina, no entanto, têm um detalhamento específico. Nenhum estado brasileiro tem um sistema, mesmo que rudimentar, de alerta antecipado. O governo avalia que o ideal é avisar as pessoas nessas regiões com uma antecedência de pelo menos 6 horas.

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