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A falta de posicionamento do governo federal sobre os conflitos na fronteira de Foz do Iguaçu e Ciudad del Este está acirrando as retaliações aos brasileiros. Ontem, 30 funcionários de lojas foram impedidos de entrar no Paraguai para trabalhar no comércio de importados. Moradores de Foz do Iguaçu, turistas e mototaxistas estão evitando cruzar a Ponte da Amizade, via situada entre os dois países, para não ter o veículo apreendido por fiscais de trânsito do Paraguai.

Os paraguaios alegam que as medidas tomadas em relação aos brasileiros estão previstas em lei e não servem como resposta à apreensão de 23 veículos de Ciudad del Este realizada pela Receita Federal (RF) na semana passada. Segundo o chefe do Departamento de Segurança e Trânsito da Prefeitura de Ciudad del Este, Gustavo Ruiz Dias, os cerca de 100 veículos com placas brasileiras apreendidos desde o último sábado no Paraguai apresentavam irregularidades. Ele não quis adiantar os motivos pelos quais os carros foram retidos, mas assegurou que todas as apreensões têm justificativas.

Diaz argumenta que os veículos brasileiros sempre foram fiscalizados no Paraguai, no entanto, antes a vistoria não era realizada na área da aduana, onde o número de carros brasileiros é maior. "Nunca fizemos isso na zona primária. Há muitas irregularidades cometidas por brasileiros e não podemos permitir esse carnaval dentro do nosso país", diz. Ele afirmou que ontem dez veículos brasileiros retidos foram liberados mediante o pagamento de multas que variam de R$ 50,00 a R$ 300,00.

Apesar da justificativa das autoridades paraguaias, mototaxistas, turistas e motoristas de vans dizem que os veículos foram apreendidos sem justificativa. Parte dos carros retidos está estacionada no pátio da Câmara de Vereadores, em Ciudad del Este.

Os paraguaios também adiantaram que a fiscalização trabalhista dos funcionários brasileiros no comércio local vai continuar hoje. Segundo o chefe de Controle e Migração da Ponte da Amizade, Risieri Filartiga, a legislação paraguaia exige aos trabalhadores estrangeiros fixarem residência no país. No entanto, muitos brasileiros tiram o documento paraguaio, mas moram em Foz do Iguaçu. Estima-se que 5 a 7 mil brasileiros são funcionários de lojas no Paraguai.

O prefeito de Ciudad del Este, Javier Zacarias Irún, viajou ontem para Assunção. Hoje ele fará uma reunião com taxistas e políticos de Ciudad del Este em busca de uma saída para o impasse. Irún aguarda um posicionamento do presidente Luis Inácio da Silva em relação aos carros paraguaios apreendidos para amenizar os ânimos dos trabalhadores do país que acenam para novo fechamento da Ponte da Amizade.

A assessoria de imprensa do Ministério das Relações Exteriores do Brasil informou ontem que as negociações com as autoridades paraguaias estão a cargo da Embaixada Brasileira em Assunção e do Consulado de Ciudad del Este.

A situação na fronteira do Brasil e Paraguai tornou-se tensa desde a semana passada, quando a Receita Federal anunciou que iria apreender automóveis que transportam mercadorias para fins comerciais. Os paraguaios não aceitaram a medida e acabaram fechando a Ponte da Amizade por 36 horas. Na terça-feira, brasileiros também tomaram a mesma iniciativa.

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