Cloroquina foi tema de estudos de um cientista que receberia prêmio, mas teve nome retirado
Um dos cientistas que perderam o prêmio foi o médico Marcus Lacerda, que fez uma pesquisa com superdosagem de cloroquina em pacientes terminais.| Foto: Reprodução

Um grupo de 21 cientistas anunciou neste sábado (6) que se recusará a receber a Ordem Nacional do Mérito Científico, premiação concedida pelo governo federal. O motivo da rejeição à honraria é o fato de o presidente Jair Bolsonaro ter revogado a concessão da ordem a dois pesquisadores, Marcus Vinícius Guimarães de Lacerda e Adele Benzaken.

>>Leia também: Bolsonaro não deu condecoração científica a si mesmo. Entenda a confusão

O médico Marcus Vinícius Guimarães de Lacerda coordenou uma pesquisa com superdosagem de cloroquina em Manaus que resultou na morte de 11 pessoas e teve de ser interrompida. O estudo é alvo de investigação do Ministério Público Federal (MPF). A revogação do título foi comunicada em edição extra desta sexta-feira (5) do Diário Oficial da União.

Procurados, a Presidência da República, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) e o Ministério da Saúde (MS) não responderam qual foi o motivo de inclusão e da exclusão do nome de Lacerda na lista dos condecorados na Ordem Nacional de Mérito Científico.

“A homenagem oferecida por um governo federal que não apenas ignora a ciência, mas ativamente boicota as recomendações da epidemiologia e da saúde coletiva, não é condizente com nossas trajetórias científicas. Em solidariedade aos colegas que foram sumariamente excluídos da lista de agraciados, e condizentes com nossa postura ética, renunciamos coletivamente a essa indicação”, diz um trecho da carta aberta divulgada pelo grupo de 21 pesquisadores.

NOTA DO EDITOR: Diferentemente do que estava escrito na primeira versão desta matéria, a pesquisa com superdosagem de cloroquina realizada pelo médico Marcus Vinícius Guimarães de Lacerda não provou que a cloroquina é ineficaz no tratamento precoce para a Covid-19. O cientista usou a substância em uma dose bem maior do que a prevista na bula, em pacientes terminais. Para mais informações, leia aqui entrevista que o próprio Marcus Lacerda deu à Gazeta do Povo em abril de 2020.