
Planejar os estudos no exterior dá trabalho e leva tempo. Por isso, quem pretende fazer faculdade ou pós-graduação fora do país deve se preparar com, ao menos, um ano de antecedência. O processo de admissão em universidades estrangeiras chega a ser até mais difícil e concorrido que o vestibular brasileiro. Além disso, o estudante precisa tomar providências como conseguir certificados de línguas, tirar o visto e traduzir documentos.A quantidade de brasileiros que vão para fora tem crescido. De 2004 a 2009, esse número que, além de graduação, inclui ensino médio, pós e cursos livres e de línguas foi de 42 mil para 140 mil, um salto de 233%.
Segundo a diretora da consultoria educacional CP4, Ana Beatriz Faulhaber, tudo começa com uma boa pesquisa. "Todo mundo quer estudar em Harvard, mas o aluno precisa se perguntar que universidade é mais adequada para ele. Tem que saber se ele tem nota, se pode pagar." Os pré-requisitos variam conforme a universidade e o curso. Mas, para Ana Beatriz, um bom histórico escolar e habilidade na língua do país são fundamentais. "Uma coisa é escrever bem em inglês. Outra é escrever bem sobre economia em inglês."
John Ciallelo, diretor da Chapel School, colégio de São Paulo que oferece currículo americano, ressalta que o candidato deve rechear a sua formação com atividades como música, esportes e voluntariado que são pouco valorizadas nos processos seletivos de universidades brasileiras.
Planejamento
Há dois anos, Marina Nascimento, 18 anos, se prepara para estudar Relações Internacionais nos Estados Unidos. Ela tem se preocupado com cada detalhe do currículo: joga vôlei e futebol, trabalhou em organizações não governamentais (ONGs), tem boas notas na escola e nos certificados de inglês. "Os resultados chegam em abril. A espera é uma agonia", resume Marina.O estudante também deve ficar atento à revalidação do diploma estrangeiro, que pode ser necessária para quem quer trabalhar ou fazer concursos no Brasil. Dependendo da área, pode até não valer a pena fazer a graduação toda no exterior.
Validação de diploma estrangeiro é demorada
Nem sempre estudar em uma boa instituição fora do país facilita a carreira no Brasil. Para ter valor por aqui, o diploma do exterior precisa ser revalidado por uma universidade pública brasileira. Com isso, pode acontecer de o currículo estrangeiro não ser compatível com o nacional.
Em alguns casos, o profissional precisa cursar disciplinas no Brasil para complementar a formação e conseguir a revalidação. "Os critérios mudam de um país para outro. Na Costa Rica, por exemplo, a formação de Direito é mais voltada para a advocacia pública. Aqui não é assim", explica o presidente da Comissão Nacional de Estudos Jurídicos da Ordem dos Advogados do Brasil, Rodolfo Geller.
O processo também pode ser burocrático e caro. Algumas universidades exigem que o diploma seja traduzido e juramentando pela embaixada brasileira do país onde a graduação foi cursada. Há ainda uma taxa para pedir a revalidação. Na Universidade de São Paulo (USP), ela é de R$ 1.530. Na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), de R$ 315.
"A revalidação é um perrengue. Às vezes não ficam muito claros os critérios utilizados", diz Paula Simas Magalhães, 28 anos, formada em Ciência Política e Economia pela Universidade McGill de Montréal (Canadá).
Além da revalidação do diploma, cursos como Medicina, Direito e Engenharia exigem que o profissional tenha registro no conselho regional da categoria. O Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Crea) até concede um registro provisório se o profissional estiver trabalhando no Brasil temporariamente. "Caso contrário, é preciso apresentar todos os documentos exigidos para a homologação do registro", afirma Roldão Lima Júnior, assessor do conselho federal da categoria (Confea).
Medicina
No ano passado, os ministérios da Educação e da Saúde criaram um exame, ainda não obrigatório, para revalidar o diploma de Medicina obtido no exterior. A proposta, que tem o apoio do conselho federal da categoria, é padronizar o processo. A prova é composta de teste teórico e de uma avaliação de habilidades clínicas. Dos 281 candidatos que fizeram o exame, apenas dois foram aprovados. A principal reclamação dos participantes foi a alta dificuldade. (Folhapress)



