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Depoimento

Jorge Olavo, editor-assistente de Vida e Cidadania, cursou mestrado em Portugal

Haja paciência para tanta burocracia

Claro que o currículo é importante e deve ser bem apresentado, mas paciência e força de vontade são características primordiais para se candidatar a uma bolsa de estudos ou a uma vaga em universidades do exterior. Isso porque a burocracia existente até sair a aprovação é grande e demorada.

Acredito que pelo menos metade dos candidatos acabe desistindo da concorrência diante da papelada exigida no processo seletivo. E, depois que tudo parece ter dado certo e só faltaria fazer as malas, novas pendências aparecem. É preciso apresentar mais documentos para conseguir o visto, fazer seguro de saúde, ficar em dia com a vacinação...

Há pouco mais de três anos, consegui uma bolsa de estudos pelo Programa Alban para fazer o mestrado em Informação e Jornalismo na Universidade do Minho, em Portugal. Até conseguir a bolsa e ser aprovado na universidade foram 17 meses de pesquisas e contatos pela internet, preenchimento de formulários, espera de resultados e comprovação de dados. Em paralelo, enfrentei todas as pendências de viagem para rumar a terras lusas.

Depois de dois anos de aulas, pesquisa, escrita e defesa da dissertação, regressei ao Brasil com o título. Contudo, o processo não terminou até hoje. Há cerca de sete meses aguardo a revalidação de meu diploma português pela USP. Logo sai, mas haja paciência.

Nações Emergentes

Interesse volta-se a instituições fora do eixo EUA e Europa

Foi-se o tempo em que Estados Unidos, Canadá e Europa eram os únicos destinos procurados por brasileiros para fazer cursos no exterior. Atualmente, tem sido crescente a busca por cursos em países da América Latina, do leste europeu, além de África do Sul, China, Índia e Rússia.

De acordo com Samir Zaveri, coordenador do Salão do Estudante, feira que reúne instituições de dezenas de países para compartilhar informações com interessados, mais universidades de nações emergentes têm participado do evento a cada ano. A feira ocorre amanhã em Curitiba, no Estação Embratel Convention Center, das 15 às 20 horas.

Apesar do interesse crescente, Zaveri afirma que, por enquanto, os brasileiros têm preferido fazer cursos mais curtos nesses países, em vez da graduação completa. "É mais comum que fiquem de seis meses a um ano. Em três ou quatro anos, a perspectiva é que esses países passem a ser procurados para a graduação inteira", considera.

Outra via que aproxima brasileiros de destinos menos comuns são convênios com instituições brasileiras. Nesses casos, alunos de universidades públicas e privadas do país podem pleitear uma vaga mediante seleção interna, que costuma incluir análise curricular, entrevista e/ou prova. A Universidade Estadual Paulista (Unesp), por exemplo, enviou no ano passado 286 alunos de graduação para intercâmbio em países como China, Coreia e México.

Iniciativa própria

Além da intermediação de agências de intercâmbio ou universidades, o fluxo de brasileiros para destinos incomuns tem aumentado também por iniciativa dos próprios alunos. É o caso de Suellen Maia, 26 anos, que passou seis meses em Uganda entre 2009 e 2010. A jovem, que cursava o 4.º ano de Arquitetura na Universidade de São Paulo (USP), fez contatos, se candidatou a um estágio, trancou a faculdade e foi estudar de perto a arquitetura social no país africano.

Por ter escolhido um caminho pouco usual, Suellen teve de tomar precauções a mais. Tomou 11 vacinas, por exemplo. "A terceira dose de raiva, tomei no dia da viagem", lembra Suellen, que, durante sua experiência, manteve um blog (www.sullmaia. blogspot.com) e, por isso, é procurada por brasileiros que escolhem a África para aperfeiçoar os estudos. (Folhapress)

Planejar os estudos no exterior dá trabalho e leva tempo. Por isso, quem pretende fazer faculdade ou pós-graduação fora do país deve se preparar com, ao menos, um ano de antecedência. O processo de admissão em universidades estrangeiras chega a ser até mais difícil e concorrido que o vestibular brasileiro. Além disso, o estudante precisa tomar providências como conseguir certificados de línguas, tirar o visto e traduzir documentos.A quantidade de brasileiros que vão para fora tem crescido. De 2004 a 2009, esse número – que, além de graduação, inclui ensino médio, pós e cursos livres e de línguas – foi de 42 mil para 140 mil, um salto de 233%.

Segundo a diretora da consultoria educacional CP4, Ana Beatriz Faulhaber, tudo começa com uma boa pesquisa. "Todo mundo quer estudar em Harvard, mas o aluno precisa se perguntar que universidade é mais adequada para ele. Tem que saber se ele tem nota, se pode pagar." Os pré-requisitos variam conforme a universidade e o curso. Mas, para Ana Beatriz, um bom histórico escolar e habilidade na língua do país são fundamentais. "Uma coisa é escrever bem em inglês. Outra é escrever bem sobre economia em inglês."

John Ciallelo, diretor da Chapel School, colégio de São Paulo que oferece currículo americano, ressalta que o candidato deve rechear a sua formação com atividades como música, esportes e voluntariado – que são pouco valorizadas nos processos seletivos de universidades brasileiras.

Planejamento

Há dois anos, Marina Nascimen­­to, 18 anos, se prepara para estudar Relações Internacionais nos Estados Unidos. Ela tem se preocupado com cada detalhe do currículo: joga vôlei e futebol, trabalhou em organizações não governamentais (ONGs), tem boas notas na escola e nos certificados de inglês. "Os resultados chegam em abril. A espera é uma agonia", resume Marina.O estudante também de­­ve ficar atento à revalidação do di­­ploma estrangeiro, que pode ser ne­­cessária para quem quer trabalhar ou fazer concursos no Brasil. Depen­­dendo da área, pode até não valer a pena fazer a graduação toda no exterior.

Validação de diploma estrangeiro é demorada

Nem sempre estudar em uma boa instituição fora do país facilita a carreira no Brasil. Para ter valor por aqui, o diploma do exterior precisa ser revalidado por uma universidade pública brasileira. Com isso, pode acontecer de o currículo estrangeiro não ser compatível com o nacional.

Em alguns casos, o profissional precisa cursar disciplinas no Brasil para complementar a formação e conseguir a revalidação. "Os critérios mudam de um país para outro. Na Costa Rica, por exemplo, a formação de Direito é mais voltada para a advocacia pública. Aqui não é assim", explica o presidente da Comissão Nacional de Estudos Jurídicos da Ordem dos Advogados do Brasil, Rodolfo Geller.

O processo também pode ser burocrático e caro. Algumas universidades exigem que o diploma seja traduzido e juramentando pela embaixada brasileira do país onde a graduação foi cursada. Há ainda uma taxa para pedir a revalidação. Na Uni­­versidade de São Paulo (USP), ela é de R$ 1.530. Na Uni­versidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), de R$ 315.

"A revalidação é um perrengue. Às vezes não ficam muito claros os critérios utilizados", diz Paula Simas Magalhães, 28 anos, formada em Ciência Política e Economia pela Universidade McGill de Montréal (Canadá).

Além da revalidação do diploma, cursos como Medicina, Direito e Engenharia exigem que o profissional tenha registro no conselho regional da categoria. O Conselho Regional de Enge­­nharia, Arquitetura e Agronomia (Crea) até concede um registro provisório se o profissional estiver trabalhando no Brasil temporariamente. "Caso contrário, é preciso apresentar todos os documentos exigidos para a homologação do registro", afirma Roldão Lima Júnior, assessor do conselho federal da categoria (Confea).

Medicina

No ano passado, os ministérios da Educação e da Saúde criaram um exame, ainda não obrigatório, para revalidar o diploma de Medicina obtido no exterior. A proposta, que tem o apoio do conselho federal da categoria, é padronizar o processo. A prova é composta de teste teórico e de uma avaliação de habilidades clínicas. Dos 281 candidatos que fizeram o exame, apenas dois foram aprovados. A principal reclamação dos participantes foi a alta dificuldade. (Folhapress)

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