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Carlos Minc, ministro do Meio Ambiente: situação da caatinga lembra que país não tem só a Amazônia | Antonio Cruz / Agência Brasil
Carlos Minc, ministro do Meio Ambiente: situação da caatinga lembra que país não tem só a Amazônia| Foto: Antonio Cruz / Agência Brasil

51 milhões de toneladas de gás carbônico

O desmatamento da floresta amazônica registrado entre agosto de 2009 e janeiro deste ano será responsável pela emissão de 51 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2), segundo dados do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). No período, o desflorestamento foi de 836 quilômetros quadrados, segundo o Sistema de Alerta de Desmatamento do Imazon.

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Brasília - Pegue o município de São Paulo, multiplique sua área por 11 e, pronto, aí está o tamanho do desmatamento da caatinga entre 2002 e 2008 – 16.576 km2. Da extensão original do bioma (826.411 km2), 45,39% já foi desmatada, o equivalente aos territórios dos estados do Maranhão e Rio de Janeiro somados, aproximadamente. As informações foram divulgadas ontem pelo Ministério do Meio Ambiente, que realizou um monitoramento mais detalhado da região pela primeira vez, a partir da análise de imagens obtidas por satélite.

"O Brasil e o ministério não podem ser samba de uma nota só. A Amazônia é fundamental, mas temos de preservar todos os biomas brasileiros", afirmou o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc. Ele considerou os números da caatinga "assustadores". "É preocupante, o bioma Amazônia é cinco vezes maior que o bioma caatinga. Essa média de 2.763 km2 [de desmatamento anual da caatinga] é praticamente correspondente ao desmatamento da Amazônia", analisou Minc. "Propor­cional­mente, o desmatamento desses anos no Nordeste é do mesmo tamanho do desmatamento da Amazônia, para um bioma que é muito mais vulnerável e será muito mais afetado pela mudança no clima."

O ministério aponta o uso da mata nativa para fazer lenha e carvão como uma das principais razões do desmatamento da caatinga. O carvão vai para siderúrgicas em Minas Gerais e no Espírito Santo; a lenha é utilizada em polos gesseiros e de cerâmica no Nor­deste. "Não haverá solução para a defesa da caatinga sem mudar a matriz energética. Sem levar, por exemplo, pequenas centrais hidrelétricas, energia eólica, o gás natural para o polo gesseiro e cerâmico", defendeu Minc.

Perfil

A análise dos dados mostra que o desmatamento da caatinga tem um perfil diferente do que ocorre na Amazônia e no Cerrado – é mais pulverizado, o que dificultaria o combate. No período entre 2002 e 2008, Bahia e Ceará foram os estados que mais destruíram a vegetação nativa – juntos, foram responsáveis por 8.659 km2 de área devastada. Para monitorar a caatinga, um bioma mais rarefeito do que o encontrado na Amazônia, o satélite foi ajustado para operar com maior precisão.

A partir de hoje, o ministro participa do 1.º Encontro Nacional de Enfrentamento da Desertificação (I-ENED), em Petrolina (PE), onde deve se reunir com governadores e secretários do Meio Ambiente da região nordestina para discutir o problema. "São necessárias várias medidas locais de recuperação de solo, de reflorestamento, proteção de microbacias e de alternativas energéticas", observou.

Comunidade

Na opinião da professora Maria Aparecida José de Oliveira, especialista em botânica da Univer­sidade Federal da Bahia (UFBA), é necessário mais empenho do poder público para preservar a caatinga – faltam fiscalização e políticas para as comunidades locais. "O melhor modelo de recuperação da mata é aquele que envolve a população, pois é ela quem vai cuidar do bioma", opina Maria. "Mas os projetos (de conscientização) são bem rápidos, duram 1 ou 2 anos, e você só consegue resposta dos moradores depois de muito mais tempo."

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