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Ainda que simples, construção de Cacatu guardam semelhanças com a arquitetura japonesa. | Antônio More/Gazeta do Povo
Ainda que simples, construção de Cacatu guardam semelhanças com a arquitetura japonesa.| Foto: Antônio More/Gazeta do Povo

A campanha anti-imigração propagada pelo Diário da Tarde não impediu que o prefeito de Antonina na época pedisse que imigrantes japoneses viessem para o Litoral do Paraná. Foi assim que as famílias Hara e a Yassumoto chegaram em 1917 e se tornaram as primeiras famílias japonesas a comprar 250 alqueires de terra em Antonina, formando a Colônia Cacatu, o primeiro núcleo nipônico do Paraná. “Cacatu acabou se tornando a porta-de-entrada para os japoneses no sul do Paraná. Eles acabaram se fechando em guetos e criando colônias porque o país, a comida, os hábitos eram totalmente diferentes”, conta a pesquisadora Maria Helena Uyeda.

Para saber mais

Leia Bushido- Caminho do Guerreiro Semeador - 100 anos da presença japonesa no Paraná (3 volumes) e Ayumi - Caminhos Pecorridos, ambos de Claudio Seto e Maria Helena Uyeda.

Praça do japão

Após o período de perseguição da Segunda Guerra Mundial, mostrado no filme Corações Sujos, a colônia japonesa ficou muitos anos com a autoestima em baixa. O ânimo só voltou em 1958, com a primeira visita de um membro da família real japonesa ao Paraná. Em 1962, a Praça do Japão foi construída para lembrar esse momento e passou a ser palco de muitas comemorações da colônia em Curitiba.

Na colônia, os japoneses trabalhavam, estudavam e conviviam juntos mantendo vivas as tradições, mesmo tão distante de casa com o objetivo de trabalhar muito, ganhar dinheiro e voltar para o Japão. A partir de 1937, no entanto, com o início do Estado Novo, o governo brasileiro impôs medidas restritivas aos imigrantes dos países do Eixo.

História viva

Conheça a história da colônia Cacatu, localizada em Antonina

Márcia Ito e Patrícia Takassaki são descendentes das famílias que fundaram a primeira colônia de japoneses no Paraná, a colônia Cacatu, localizada em Antonina, no litoral do Paraná. Conheça a história da colônia e a luta das duas para manter viva a história quase 100 depois.

+ VÍDEOS

Os olhos de Márcia Ito Kikuti, 64 anos, e Patrícia Takassaki Alves, 53 anos, brilham de emoção e orgulho ao lembrar da história de Cacatu. Não é à toa. As duas são descendentes das primeiras famílias que fundaram a colônia, em 1917. “Os japoneses vieram para cá plantar arroz, mas o projeto não foi para a frente, porque a terra não era fértil para o plantio. Então, eles começaram a cultivar cana de açúcar e inventaram a fábrica de cachaça”, conta Márcia. Além de ser a primeira colônia formada por japoneses, Cacatu também é a primeira cujas terras foram adquiridas por japoneses no estado.

Em razão da Guerra, em 1945, medidas restritivas impostas pelo governo de Getúlio Vargas fizeram com que todas as famílias tivessem de deixar Catatu.

Na década de 1950, o avô de Márcia retornou a Antonina, comprou as terras da colônia e iniciou o plantio de arroz nelas. Em 1988, as terras foram vendidas novamente. Na década de 1990, Márcia foi para o Japão trabalhar como dekassegui e conseguiu juntar dinheiro para comprar as terras novamente no início dos anos 2000.

“Depois de 12 anos, conseguimos voltar para cá e o meu pai sabia todos os detalhes, os buracos na parede. Por sorte, a maioria das construções era original da época. A vista do Pico Paraná também”, comemora Márcia.

Desde então, Márcia se dedica a manter viva a história e tradição de Cacatu. Foram erguidos memoriais na propriedade em homenagem aos fundadores da colônia e também são realizados encontros com descendentes dessas famílias. A antiga colônia está aberta para visitação e eventos e conta com memoriais que mantêm viva a história do lugar.

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