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A resistência  em usar a a cadeira começa por volta dos 2 anos de idade, quando a criança passa a expressar vontade própria e se recusa a usar o dispo­sitivo | Priscila Forone/ Gazeta do Povo
A resistência em usar a a cadeira começa por volta dos 2 anos de idade, quando a criança passa a expressar vontade própria e se recusa a usar o dispo­sitivo| Foto: Priscila Forone/ Gazeta do Povo

Hábito

Quanto antes a criança usar a cadeirinha, melhor

Larissa Kalman nasceu em 16 de setembro de 2010, poucos dias depois de implantada a lei que obriga o uso da cadeirinha. Desde o primeiro dia de vida, na saída da maternidade, ela foi transportada no bebê conforto, como indica a legislação. Hoje, perto de completar 2 anos, Larissa conhece bem qual é o seu lugar no carro e não se queixa. "Ela entra e já vai direto para a cadeirinha. Eu só preciso fechar as presilhas", conta a mãe, Silvana Cristina do Carmo.

Como em viagens longas Larissa costuma dormir na maior parte do tempo, os pais quase nunca têm problemas. "Só teve uma vez em que ela ficou bem irritada e eu passei para o banco de trás. Fui brincando e conversando com ela, até que ela se acalmou", conta a mãe.

Essa é, para a psicóloga Juliana Silvério, uma boa estratégia. Mas ela ressalta que esse comportamento deve ser exceção. "Na próxima saída de casa, com mais tempo, eles devem voltar a ensiná-la a ficar na cadeirinha sem a presença dos pais", aconselha.

Segundo Juliana, quando os pais permitem que a criança saia do equipamento, eles criam dois problemas. O primeiro é que a criança aprende que pode sair da cadeirinha, e habituá-la a permanecer no dispositivo se torna um desafio ainda maior. "Além disso, eles fortalecem o comportamento de birra, que pode se estender para outras situações cotidianas."

Birra

Quando os pais permitem que o filho saia da cadeirinha, além de colocar em risco a vida da criança, eles fortalecem o comportamento de birra, que pode se estender para outras situações cotidianas.

40%

Esse foi o índice de redução das mortes de crianças com até 7 anos em acidentes de carro no Brasil, segundo a Polícia Rodoviária Federal, um ano após a obrigatoriedade do uso da cadeirinha.

Quem tem criança em casa já deve saber que o uso de cadeirinhas especiais no carro é obrigatório no Brasil desde 2010. O equipamento é a única forma segura de transportar uma criança no veículo. O problema é que nem sempre os filhos colaboram. Na hora de ir para a cadeirinha, eles ficam inquietos, irritados e se recusam a permanecer no assento. Para evitar a choradeira e garantir a segurança deles, os pais podem tomar algumas providências.

Normalmente, os problemas começam por volta dos 2 anos de idade, quando a criança passa a ter vontades próprias, mas ainda não compreende que o uso da cadeirinha é importante. Antes de tentar qualquer argumento, é preciso se certificar de que o equipamento está instalado corretamente, pois é possível que a criança se sinta desconfortável se alguma coisa estiver fora do lugar. As instruções do fabricante fornecem as informações específicas para cada modelo e devem ser seguidas à risca.

Para a coordenadora nacional da ONG Criança Segura, Alessandra Françóia, o ideal é habituar a criança à cadeirinha desde bem cedo. Assim, ela aprenderá que aquele é o lugar dela e não reclamará. "Se a criança for colocada na cadeirinha desde o primeiro dia de vida, vai crescer acostumada com o equipamento", afirma. O processo de familiarização com a cadeirinha pode começar dentro de casa. "Os pais podem fazer a interação com a cadeirinha, a partir de brincadeiras dentro de casa, relacionando o equipamento a momentos divertidos", sugere Alessandra.

Regra é regra

O percurso pode ser curto, até a padaria, o supermercado ou a casa da avó. Mesmo assim, é imprescindível que os pais assumam a autoridade na hora de manter a regra em qualquer situação. "Eles não podem abrir exceções. O uso da cadeirinha é inegociável", afirma Alessandra. Por outro lado, viagens longas exigem paciência dos pais. Qualquer criança vai ficar incomodada se for mantida dentro de um carro por horas a fio. Nesses casos, Alessandra sugere paradas frequentes, para que a criança saia do carro e se distraia um pouco.

Dentro do veículo, o entretenimento pode ser garantido com músicas e brinquedos. "Os pais podem dar brinquedos que não tragam riscos em caso de freadas bruscas, ou colocar DVDs de que a criança goste", ensina a psicóloga Juliana Helena Silvério, que trabalha com terapia comportamental infantil. Outra dica da terapeuta é cantar junto com a criança.

Em caso de choro, Juliana sugere que os pais esperem até que a criança se acalme, oferecendo algo para beber ou um brinquedo para distraí-la, mas sempre mantendo o filho na cadeirinha. "A mensagem para a criança deve ser de que o carro só se movimenta se ela estiver na cadeirinha", explica. Segundo ela, a criança que é ensinada a usar a cadeirinha desde muito pequena e em qualquer circunstância, raramente reclama. "Quando reclama, geralmente é devido a outros problemas que não a cadeirinha, como fome, sono, irritação ou doença", explica.

Equipamento reduz em 71% o risco de morte

Em 2010, segundo o Ministério da Saúde, 685 crianças de até 14 anos morreram e 3.673 foram internadas vítimas de acidentes como passageiras de veículos. Após um ano da obrigatoriedade, a cadeirinha reduziu em mais de 40% as mortes de crianças com até 7 anos em acidentes de carro no Brasil, segundo a Polícia Rodoviária Federal.

Multa

A legislação diz que menores de 10 anos de idade devem ser transportados no banco traseiro. Até os 7 anos e meio, as crianças precisam estar em equipamento de retenção adequado ao peso e à idade. A falta do dispositivo pode render multa de R$ 191,54 e sete pontos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH), além da apreensão do veículo para regularização.

No Paraná, dados do Detran mostram que entre setembro (quando a lei passou a vigorar) e dezembro de 2010 foram aplicadas, em média, 479 multas por mês por transporte irregular de crianças. Em 2011, essa média subiu para 504 multas mensais. Em 2012, até maio, foram 569 multas a cada mês.

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