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Postagens que viralizaram nas redes sociais pedem à população que “fique em casa” e criticam os militares.| Foto: Reprodução

Parlamentares da oposição e usuários de redes sociais de direita estão usando o lema "fique em casa" para convocar as pessoas a boicotar as celebrações do 7 de Setembro, Dia da Independência, na quinta-feira, em protesto contra o atual governo e os militares.

Este será o primeiro 7 de Setembro do terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como presidente. O lema "fique em casa" remete ironicamente à frase usada durante a pandemia da Covid-19 por defensores da teoria do isolamento social como forma de contenção da doença.

O boicote tem como principais alvos o próprio presidente Lula e as Forças Armadas. Militares têm sido chamados de "melancias", em alusão ao fardamento verde e a inclinação ao esquerdismo, simbolizada pela cor vermelha – assim como a fruta, os militares seriam, conforme a analogia, verdes por fora e vermelhos por dentro.

Nas redes sociais da Marinha, da Força Aérea e, principalmente, do Exército, cada nova postagem recebe comentários em alusão ao movimento de boicote ao 7 de Setembro, com mensagens de indignação contra os militares. A principal razão da insatisfação é o tratamento dado por militares aos manifestantes do 8/1.

Usuários de direita nas redes sociais têm compartilhado imagens incentivando o "fique em casa" e memes ironizando os militares. Parlamentares de direita também se manifestaram nas redes para reforçar a campanha.

"O próximo 7 de Setembro vai ser o nosso 'fique em casa'", afirmou o senador Magno Malta (PL-ES). "Será um 7 de Setembro das Forças Armadas, que hoje faz continência para bandido, junto com o MST, junto com a CUT, dando continência para bandido, para ex-presidiário… E vai ser o nosso 'fique em casa'. E vamos ver que 7 de Setembro lindo! Eu soube até que as Forças Armadas estão muito chateadas conosco. Mamãe, me acode. Eu estou sem dormir por causa disso", ironizou.

O deputado Paulo Bilynskyj (PL-SP) afirmou que este será "um 7 de Setembro de luto". "Por muitos e muitos anos, eu assisti a meu pai desfilar no 7 de Setembro como coronel do Exército. Eu desfilei no 7 de Setembro como aluno do colégio militar. A gente viu, nas últimas comemorações, milhões de pessoas nas ruas. Mas, neste 7 de Setembro, ficaremos em casa. É uma data de luto, de tristeza, uma data para mostrarmos a ausência do povo brasileiro. Um povo que não concorda com a corrupção, com o gasto do dinheiro público, com o desperdício, com a mamata. Um povo que não quer um ladrão no poder. Neste 7 de Setembro, fique em casa", comentou.

Para a deputada Bia Kicis (PL-DF), "nós não temos o que comemorar politicamente". "No dia 7 de Setembro, eu não irei para as ruas. E acho que se algum brasileiro quiser ainda ir para as ruas e que não seja apoiador do desgoverno, que vá de preto, para que não usem a sua imagem na rua", disse.

Tratamento dado por militares aos manifestantes do 8/1 é principal motivo da decepção

A decepção com as Forças Armadas tem como principal motivo a forma como o Exército atuou durante a prisão de manifestantes do 8/1.

Na visão de muitos, os militares foram coniventes com a prisão dos que estavam acampados perto do Quartel General em Brasília. As prisões realizadas violam diversos princípios fundamentais de convenções internacionais de direitos humanos.

Por causa de atitudes recentes, as Forças Armadas também são acusadas de subserviência à extrema-esquerda. Na visita do ditador da Venezuela Nicolás Maduro ao Brasil, as imagens de militares prestando continência ao venezuelano viralizaram como simbólicas de sua sujeição ao poder estabelecido.

Muitas postagens sobre o "fique em casa" do 7 de Setembro são acompanhadas de um vídeo do depoimento do ex-chefe do Comando Militar do Planalto, general Gustavo Henrique Dutra de Menezes, na CPI dos Atos Antidemocráticos da Câmara Legislativa do Distrito Federal, em que ele reproduz uma conversa que teve com Lula.

"'Presidente, boa noite, aqui é o general Dutra, comandante militar do Planalto'. Ele [Lula] falou: 'General, são criminosos, têm que ser todos presos'. Eu disse: 'Presidente, ninguém tem dúvida disso, estamos todos indignados, serão presos'", relatou Dutra.

O senador Jorge Seif Junior (PL-SC) postou esse vídeo acompanhado do seguinte comentário: "E aí, vai mesmo prestigiar o 7 de Setembro? Vai permitir que seu filho seja comprado por 0,5 pontos na média para ir ao desfile? Os mesmos que traíram seu povo em 8/1… Os mesmos que prestam continência a Lula e Maduro? Certamente não. Fique em casa! Junto com sua família".

Flávio Bolsonaro cria campanha por doação de sangue no dia 6 para rivalizar com desfiles do dia 7

Em meio à mobilização para o boicote aos desfiles, alguns internautas também estão aderindo a uma campanha iniciada pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que publicou um vídeo pedindo que, na véspera do Dia da Independência, dia 6 de setembro, as pessoas compareçam a hemocentros para uma doação de sangue em massa.

A ideia é que a adesão à campanha de doação de sangue seja tão alta que acabe colocando em maior evidência, no dia seguinte, a baixa adesão aos desfiles do dia 7. O filho do ex-presidente aposta que os desfiles deste ano serão um fracasso de público.

"Há informes de que o governo Lula está até obrigando escolas a enviarem alunos para o desfile em Brasília por medo do fracasso de público, já que o PT historicamente sempre teve ojeriza às cores verde e amarelo da nossa bandeira do Brasil, que eles jogaram na lata do lixo, e que Bolsonaro resgatou, enaltecendo o patriotismo do povo brasileiro", afirmou.

O senador chamou a população para "bater o recorde de doação de sangue" e "mostrar a todos que a nossa união vai impedir a destruição do Brasil". "Vamos doar sangue. Procure o hemocentro mais próximo da sua casa, faça o agendamento, vista a sua camisa verde e amarela e realize este ato de generosidade com quem precisa", disse.

Para atacar seu antecessor, Jair Bolsonaro, Lula falou nesta terça (5) que quer um "7 de Setembro de todos", e que, nas últimas décadas, os militares "se apoderaram" da data. "O que nós estamos querendo fazer agora, com a participação do Exército, Marinha e Aeronáutica, é um 7 de Setembro de todos. Ou seja, o 7 de Setembro é do militar, do professor, do médico, do dentista, do advogado, do vendedor de cachorro-quente, é do pequeno e médio empreendedor individual", comentou.

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