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A família do pastor Oziel dos Santos, preso no 8/1, está entre as que foram apadrinhadas através da campanha internacional
A família do pastor Oziel dos Santos, preso no 8/1, está entre as que foram apadrinhadas através da campanha internacional| Foto: Arquivo pessoal/Oziel dos Santos

A mobilização de moradores da Europa para ajudar famílias de presos do 8/1 que estão com contas bancárias e salários bloqueados por mais de um ano conseguiu apadrinhar 65 famílias. Os voluntários que aderiram à campanha são de diversos países como Alemanha, França, Suíça, Estados Unidos e Brasil, e enviam auxílio financeiro diretamente aos apadrinhados.

“Às vezes nos sentimos esquecidos pelo nosso país, mas também somos patriotas, amamos o Brasil e estamos muito felizes em ajudar”, afirma a brasileira Samia Sittel-Faraj, que mora há 18 anos na Europa e tem lido relatos emocionantes dos seus seguidores nas páginas da Liga Conservadora Brasil-Alemanha. “Estamos construindo pontes humanitárias de apoio e solidariedade entre brasileiros dentro e fora do Brasil”, disse.

Segundo ela, a organização da campanha ocorreu em parceria com três voluntários do Brasil e da França, onde o Mouvement Franco Brésillien (Movimento Franco-Brasileiro, em português) também se mobilizou para auxiliar as famílias. "E a ação alcançou pessoas de diversos lugares do mundo, que estenderam suas mãos aos patriotas”, comemorou.

Um dos casos que chamou sua atenção foi o da psicóloga Luciene Stedman, brasileira que mora na Califórnia, EUA, e que enviou e-mail para a campanha. Devido à profissão citada pela voluntária, Sâmia sugeriu que a mulher entrasse em contato com um preso do 8/1 que precisava de auxílio financeiro e de apoio emocional urgente, pois havia tentado cometer suicídio diversas vezes.

Luciene aceitou o desafio e contou como foi a experiência. "Conversei por quase uma hora com esse senhor”, escreveu em um novo e-mail enviado à coordenação. Segundo o relato, a psicóloga iniciou um processo de confiança com seu apadrinhado, e indica o mesmo amparo aos demais patriotas.

A Gazeta do Povo, inclusive, já publicou reportagem a respeito do sofrimento emocional enfrentado pelos presos do 8/1 e da necessidade de apoio psicológico que apresentam. “Por favor, continuem esse trabalho maravilhoso que vocês estão fazendo”, pediu Luciene.

“Estavam me representando”, diz brasileiro que mora na Suíça e decidiu ajudar

Outro relato que chamou a atenção da liderança da campanha nos últimos dias foi do jardineiro e assistente técnico Inacio Huber, que mora da Suíça. “Sinto dor no coração, como se estivesse no lugar deles”, afirmou. “Gostaria de poder amparar um a um, pois estavam me representando, demonstrando sua vontade popular, como a Constituição nos garante”.

Segundo o jardineiro, é revoltante saber que “crianças, pessoas doentes e idosos ficarão de certa forma ‘órfaos’, pois parentes próximos que os amparavam estão sendo condenados com penas imensamente maiores que a de bandidos”.

Por isso, ele acredita que a campanha é uma das maneiras de apoiar essas famílias em um momento de tanta vulnerabilidade. “E, se tiver uma nova ação como essa, estarei lutando para conseguir mais colaboradores”, adiantou.

Quem são as famílias atendidas?

Para localizar os 65 presos do 8/1 que precisavam do auxílio, uma triagem foi realizada entre advogados e jornalistas que têm contato com as famílias. A partir disso, a coordenação da campanha organizou os casos e faz a ponte entre padrinhos e adotados, de acordo com a necessidade.

“Lembrando que os patriotas são pessoas que sempre trabalharam e que estão fazendo o possível para tentar manter sua dignidade, então é muito desafiador ter que pedir ajuda”, desabafa o pastor Oziel dos Santos, que recebeu amparo de uma madrinha — uma enfermeira do Paraná — e agradece pelo carinho demonstrado a ele, sua esposa e três filhas.

“Foi extraordinário sentir o amor expressado, a solidariedade com a causa e saber que, mesmo sem grandes posses, alguém está dividindo seu pão de cada dia conosco”, relatou. “Isso nos traz orgulho do nosso povo, da nossa gente, e mostra que estamos no caminho certo ao lutar por nossos valores”, afirmou.

No entanto, ele ressalta que voluntários que participam de campanhas como essa devem sempre ter cuidado para se certificar de que estão realmente conversando com presos relacionados ao 8/1. “Tanto que o primeiro contato que essa enfermeira fez comigo foi investigativo”, brinca.

Como ajudar outros presos do 8/1?

De acordo com a coordenadora da campanha, Samia Sittel-Faraj, todas as 65 famílias selecionadas pelos voluntários nessa campanha já foram apadrinhadas e seguem em contato com os doadores. Por isso, não há previsão de uma nova ação da Liga Conservadora Brasil-Alemanha.

Mas é possível ajudar outros presos do 8/1 que continuam precisando de ajuda. Para isso, basta entrar em contato com a Associação dos Familiares e Vítimas do 8 de Janeiro (Asfav) para enviar auxílio financeiro ou atuar com voluntariado. O cadastro é realizado neste link.

De acordo com a entidade, é possível ajudar com ofertas de emprego, trabalho voluntário em áreas como assistência social e psiquiatria, ou financeiramente por meio de doações. O Pix da associação é o CNPJ 51.546.913/0001-49.

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