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Ataques e ameaças: casal de influenciadores conservadores vira alvo do ativismo feminista
Alvos de seguidas ameaças, Felippe e Vanessa precisaram mudar de cidade após terem endereço e demais dados pessoais vazados na internet| Foto: Arquivo pessoal

Publicar vídeos e textos, sempre fundamentados em estudos científicos, que comprovam a existência de diferenças biológicas, psicológicas e neurológicas entre homens e mulheres, além de conteúdos sobre masculinidade e feminilidade foi o que levou um casal de influenciadores conservadores a uma sessão de cancelamentos e ameaças sem fim.

Felippe Chaves se dedica à produção de conteúdo em um projeto denominado Fúria e Tradição, cujo público-alvo são homens, em especial jovens. Sua esposa, Vanessa Chaves, mantém o Simples e Bela, dedicado a ensinos sobre feminilidade para mulheres. Além dos projetos distintos, mas que conversam entre si na essência, o casal criou, em outubro do ano passado, a Comunidade Bela e Fúria – plataforma própria de ensino que conta com cerca de mil alunos.

Ambos somam atualmente quase 700 mil seguidores nas diferentes redes sociais. O número, no entanto, pode diminuir: desde o final de outubro, o perfil do Fúria e Tradição no Instagram, que somava quase 300 mil seguidores, foi derrubado após sofrer uma blitz de denúncias orquestrada por perfis de cunho feminista. Desde então, Felippe tenta recuperar a conta, mais recentemente por meios judiciais.

Apesar de o perfil da Simples e Bela no Instagram ainda estar no ar, ativistas já tiveram sucesso ao derrubar diversas publicações da conta que, devido às sucessivas denúncias, atualmente figura no chamado shadow ban – mecanismo da plataforma que reduz drasticamente o alcance de publicações.

Mas além de ofensas e falsas denúncias, os ataques passaram a ser, também, violentos. No início deste ano, Felippe e Vanessa, que moravam na capital fluminense, tiveram uma série de dados pessoais, como documentos, telefones e o endereço de onde moravam vazados por um perfil anônimo nas redes sociais. Como já colecionavam ameaças de agressões de todo tipo pela internet, decidiram mudar-se às pressas para o interior do Rio de Janeiro por medida de segurança.

Em entrevista à Gazeta do Povo, Felippe e Vanessa falam sobre como têm lidado com cancelamento, ameaças e censura em decorrência do trabalho que desenvolvem.

Desde quando se dedicam a produzir conteúdo para famílias?

Felippe Chaves: A minha página começou primeiro, como hobby, em 2016. Já a Simples e Bela foi criada em maio de 2018. Mas começamos a nos dedicar mais a partir de 2019, depois que perdi meu emprego e fiquei sem renda. Naquela época, as páginas estavam crescendo cada vez mais, então pensamos em rentabilizá-las e começamos a nos dedicar de forma profissional na produção de conteúdo.

Como vocês descrevem o tipo de conteúdo que produzem?

Felippe Chaves: Acho que um dos grandes problemas que temos hoje é a ausência paterna. Isso tem tirado dos jovens a compreensão sobre o que é ser masculino. Nos meus conteúdos procuro ensinar aos jovens o que é a experiência ontológica de ser um homem de verdade.

Quando isso falta, eles têm a noção apenas do que é a virilidade, mas não a masculinidade. Eu procuro fazer uma distinção entre esses termos: a virilidade é o motor do carro, enquanto a masculinidade é o volante desse carro. A masculinidade tem a importância de direcionar e regrar os impulsos biológicos na vida do homem.

Também busco falar sobre a tradição e o comportamento masculino. Quando são retirados determinados componentes do comportamento dos rapazes, isso vai gerando uma série de problemas tanto emocionais quanto físicos. Nós temos vivido hoje quase que uma degeneração física dos homens, que têm perdido cada vez mais testosterona no decorrer das décadas. Isso se explica em grande parte pela mudança de comportamento e por pensamentos que muitos têm atualmente, que provém de um movimento para retirar aspectos importantes do comportamento masculino.

Vanessa Chaves: O conteúdo da Simples e Bela visa a mulher como um todo. Eu tenho uma frase que ficou bem conhecida, que diz que “a feminilidade começa no interior e se revela sobre o exterior”. Na página a gente une esses dois pontos: interior e exterior feminino sem recorrer à ideologia do feminismo e sem tentar encaixar a mulher nesse padrão de “masculinização feminina” que existe hoje em dia. Nessa linha de raciocínio se perde muito das particularidades e das singularidades femininas.

Na parte exterior, falamos sobre vestimenta, comportamento, gestos; na interior, unimos isso a como a mente da mulher funciona, sempre com dados científicos, como trabalhar as virtudes e quais são as diferenças psicológicas e biológicas entre homens e mulheres.

De onde vêm os ataques que vocês recebem? Normalmente mais por ativistas de esquerda ou por pessoas “comuns” que têm outra cultura ou visão de mundo?

Felippe Chaves: O que a gente percebeu é que a maioria dos ataques vêm de pessoas comuns que são estimuladas por perfis grandes nas redes sociais, de ativistas e feministas. Já houve casos de perfis no Instagram com mais de um milhão de seguidores compartilharem nossos posts e estimularem seus seguidores a nos atacar e denunciar nossas publicações. Com isso, já perdemos muitos conteúdos por falsas denúncias. Já tive postagem que caiu em questão de uma hora após a publicação.

Normalmente, eles denunciam à plataforma alegando discurso de ódio, mas já houve posts que caíram por acusação de nudez infantil quando não havia absolutamente nada sobre isso. Outros, ainda, fazem denúncias sobre violência, preconceito. E apesar de isso não ser o que falamos, não ser o nosso conteúdo, a plataforma aceita essas denúncias.

Vanessa Chaves: Na Simples e Bela a censura não chegou ao ponto de se perder a conta. Mas acontece muito de as postagens caírem. O que mais acontece é um post ou story viralizar, ser muito compartilhado, e chegar àquele público que não gosta do conteúdo. De forma muito massiva e intensa ficam denunciando, e o Instagram ou Facebook opta por derrubar o conteúdo. O principal motivo que chega para mim nas notificações é “discurso de ódio”.

E além disso recebemos muitos ataques, tanto ofensas pessoais quanto ameaças. Já cheguei ao ponto de ter que me retirar de uma rede social, o Twitter, quando estava grávida do meu primeiro filho, porque começaram a fazer ataques diários muito frequentes. E a gota d’água para mim foi quando falaram que eu tinha que perder meu filho. Aquilo foi muito chocante. Eu estava numa gravidez de alto risco e eles estavam desejando que eu tivesse um aborto espontâneo. Então conversamos e achamos melhor eu me retirar do Twitter – cheguei a ficar cerca de um ano sem acessar.

Ofensas pessoais e xingamentos nem se comparam ao peso que são as ameaças e as mentiras que inventam ao nosso respeito. O tipo de ataque, de ameaça, que mais mexe comigo é quando parte para os meus filhos [além do filho de três anos, atualmente Vanessa está no quarto mês de nova gestação].

Como está essa questão da suspensão do perfil do Fúria e Tradição no Instagram?

Felippe Chaves: No dia 26 de outubro, o perfil com quase 300 mil seguidores foi derrubado. O Instagram me deu um mês para discordar da decisão, ou então a conta seria desativada permanentemente. Porém, não consigo concluir os passos que foram indicados. Até então a página está perdida mesmo. Estamos tentando reverter isso judicialmente.

Dois anos atrás, o Instagram já tinha suspendido minha página, e depois de um mês ela foi devolvida. Nesse período eu criei o Fúria e Tradição 2.0. Como eu tinha recuperado a conta original, deixei ela de lado, mas agora tive que retomar.

A criação de uma plataforma própria fora das redes sociais é um meio de evitar essas derrubadas constantes de conteúdo?

Felippe Chaves: Sim. Criamos a comunidade como uma forma de escapar da censura. A verdade é que existem temas que são proibidos de serem tratados nas mídias sociais. Por mais que a gente fundamente os argumentos e apresente as provas do que falamos, existem mecanismos das próprias plataformas que impedem que você fale sobre essas questões.

Como as postagens estavam sendo derrubadas constantemente, decidimos criar a comunidade. É um ambiente em que a gente pode ensinar sem censura sobre masculinidade e feminilidade e a natureza humana. A comunidade é o cerne de tudo o que a gente fez até hoje; é onde realmente estamos preparando os jovens naquelas áreas que muitas vezes os pais não prepararam.

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