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Rota
O policial da Rota Patrick Bastos Reis, de 30 anos, foi morto pelo crime organizado.| Foto: Divulgação/PM

As reações ao caso da morte do policial da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) Patrick Bastos Reis, de 30 anos – ocorrida no Guarujá, litoral de São Paulo, na sexta-feira (28) –, estão expondo o duplo padrão de militantes ideológicos sobre a situação do combate à criminalidade no Brasil.

Durante o fim de semana, a Polícia Militar de São Paulo (PM-SP) realizou a Operação Escudo para prender o responsável pelo assassinato. Nas ações, policiais entraram em confronto com membros de uma organização criminosa, e pelo menos oito criminosos foram mortos, de acordo com Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo.

Um suspeito do assassinato, Erickson David da Silva, de 28 anos, entregou-se à polícia neste domingo (30).

Em nota nesta segunda-feira (31) sobre a operação policial, o ministro dos Direitos Humanos do governo Lula, Silvio Almeida, disse que "as denúncias são graves" e que "um crime bárbaro foi cometido". Já o ministro da Justiça, Flávio Dino, afirmou que "houve uma reação imediata que não parece nesse momento ser proporcional em relação ao crime que foi cometido".

Nenhum dos dois mencionou o nome de Patrick Bastos Reis nas declarações sobre o caso à imprensa. O PM deixou um filho de três anos.

Nas redes sociais e em meios de comunicação, formadores de opinião reproduziram discursos ideológicos do mesmo tipo. Vários sugeriram que a operação teria sido uma espécie de vingança da polícia e repetiram a ideia de que a ação teria sido "desproporcional".

Os ministros Flávio Dino e Silvio Almeida ignoraram, por outro lado, as quatro mortes de policiais que ocorreram na Baixada Santista nos últimos três meses. Além de Patrick Bastos Reis, três policiais aposentados foram mortos em maio e junho no Guarujá.

No dia 6 de junho, segundo o site Metrópoles, o PM aposentado Sergio Pereira foi executado pelo crime organizado com tiros no tórax. Em 19 de maio, segundo o portal G1, dois PMs aposentados também foram mortos no Guarujá enquanto estavam na rua.

Almeida e Dino não se pronunciaram sobre os casos.

Para o deputado estadual Capitão Telhada (PP-SP), que já foi membro da Rota, o discurso de que houve "desproporção" na atuação da polícia é enganoso: quando policiais entram em um local dominado por facções criminosas, sempre são alvejados, e a troca de tiros é inevitável – não se trata, portanto, de um revide desproporcional à morte de um PM, mas da resposta necessária a uma circunstância provocada pelo próprio crime organizado.

"Quando o Estado coloca a sua força para fazer um enfrentamento de maneira eficiente, vai ter confronto, porque o criminoso não quer ser preso. Ele vai trocar tiro. Ele está acostumado a fazer isso. Lá na Baixada, se uma viatura entrar na favela, vai tomar tiro, porque lá eles atiram nas viaturas. Eu já troquei tiro na Baixada, infelizmente, e eu sei do que estou falando", relata.

Advogados do tráfico e traficantes ajudam a criar narrativa chancelada por militantes ideológicos

Alguns relatos sobre a operação policial dão conta de que teria havido tortura de um dos criminosos mortos pela polícia. A reportagem da Gazeta do Povo não conseguiu comprovar a veracidade disso até a tarde desta segunda-feira (31).

Para Telhada, é preciso cautela com esse tipo de versão dos fatos. Ele explica que, muitas vezes, a narrativa disseminada pela militância ideológica sobre os confrontos entre policiais e criminosos é criada por advogados do tráfico e pelos próprios traficantes, em parceria com moradores das comunidades envolvidos com os criminosos em diferentes graus.

Segundo o parlamentar, denúncias de tortura aparecem com frequência após casos midiáticos, muitas vezes estimuladas pelo próprio crime organizado.

"Isso é coisa que a gente vê desde os anos 1970, com um direcionamento sugerido por advogados do crime ou até pelo próprio crime organizado, que usa pessoas que têm relacionamento com o crime e são constrangidas, convencidas ou pagas para dar testemunhos falsos. Não tive acesso aos autos deste caso específico a fundo, mas essa prática já é muito conhecida. Na maioria das vezes, são testemunhos fraudados que só têm o objetivo de colocar dúvidas sobre a ação policial, acusando policiais de crimes, de tortura", comenta.

"Já vi uma ocorrência, por exemplo, em que falavam que a equipe da Rota tinha ajoelhado o bandido e dado um tiro na nuca dele. Quando foi feita a análise do corpo, ele tinha um tiro na barriga e um tiro no peito. São testemunhos infundados, usados para criar uma narrativa para políticos, ouvidorias e órgãos de direitos humanos enviesados na questão política, com o objetivo de travar a ação policial", complementa o ex-membro da Rota.

Nesta segunda, o site Metrópoles revelou um áudio vazado em que o advogado de Erickson David da Silva – suspeito do assassinato do policial da Rota – o orienta na gravação de um vídeo para as redes sociais antes de se entregar. O plano de criar uma narrativa contra o governo de São Paulo fica evidente.

"Fala que você está se entregando de coração, para que acabe todo esse massacre que está acontecendo no Guarujá, essa covardia com pai de família dentro de comunidade. E que então, para acabar, ele está se entregando", diz o advogado no áudio publicado pelo Metrópoles. "Cita o nome do governador Tarcísio e vai para cima. Filma o rosto dele e dispara esse vídeo aí", complementa.

No vídeo, Erickson segue as orientações e diz: "Meu nome é Erickson David, o ‘Deivinho’. Eu quero falar para o Tarcísio e para o Derrite parar de fazer a matança aí, matando uma ‘pá’ de gente inocente, querendo pegar minha família, sendo que eu não tenho nada a ver. É o seguinte, vou me entregar, que eu não tenho nada a ver, e é isso aí."

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