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A despeito de setores da classe médica avaliarem que a categoria está perdendo a batalha na opinião pública em relação ao programa Mais Médicos, em razão do radicalismo das críticas, o presidente do CFM (Conselho Federal de Medicina) manteve hoje os duros ataques contra a iniciativa do governo Dilma Rousseff.

Falando em um encontro sobre direito médico em Natal (RN), o presidente do CFM, Roberto D'Ávila, referiu-se ao programa federal como "demagógico, eleitoreiro, populista e um atraso".

O representante da categoria afirmou que o CFM ainda pretende fazer uma campanha para apontar os problemas da iniciativa, que pretende suprir, com profissionais brasileiros e estrangeiros, o déficit de médicos em áreas remotas e de periferia no país.

Nesta semana, a Folha de S.Paulo mostrou que setores médicos já estão se posicionando contra o que avaliam como "radicalismo" de seus representantes no debate sobre o programa Mais Médicos.

Aparentemente alheio às avaliações, D'Ávila manteve o tom incisivo. "Este país ainda é livre, não sei até quando, e nós vamos falar com cada paciente e fazer uma campanha para mostrar quem está do lado de quem, do lado da verdade, quem tem interesse eleitoral, quem é candidato", disse a uma plateia de médicos, advogados e universitários.

O presidente do CFM disse ainda que as deficiências da iniciativa serão sentidas pelo "povo mais carente". "Que vai ser enganado com uma pseudoassistência, porque sabemos nossas limitações de trabalho."Para ele, médicos brasileiros não se opõem a trabalhar no interior, mas apenas demandam condições de atuação, que segundo ele podem ser alcançadas mediante a organização de plano de carreira ou de um concurso nacional para que os médicos "não fiquem reféns dos prefeitos".

D'Ávila disse considerar que o Mais Médicos não tenha sido pensado para atrair brasileiros, já que os salários são pagos em forma de bolsas de R$ 10 mil. E disse que o número de profissionais cubanos a atuar no Brasil deverá ser maior do que os 4 mil anunciados pelo governo - citou 16 mil.

"Eles [cubanos] não virão por amor, será uma progressão funcional a que terão direito. Tivemos acesso ao regulamento do programa, e eles não poderão nem falar com a imprensa. Não podem sair do alojamento sem ordem superior, sem dizer para onde e com quem vão", disse D'Ávila, que foi aplaudido de pé ao final da exposição.

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