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Emergência

Chuva não ameniza perda com estiagem

Áreas atingidas pela seca têm 50% a 80% da produção de grãos comprometida

Árvores caem sobre casas em Francisco Beltrão, no Sudoeste | Deonir Spigosso
Árvores caem sobre casas em Francisco Beltrão, no Sudoeste (Foto: Deonir Spigosso)

Maringá - As chuvas dos últimos dias em algumas regiões não impediram sete prefeituras paranaenses de declarar situação de emergência por causa da estiagem que vem atingindo quase todo o estado. O último município a declarar emergência foi o de São Pedro do Ivaí, no Norte Central do estado. Com perdas de aproximadamente 70% na safra de grãos, o município estima prejuízos de R$ 11 milhões.

"A nossa situação é extremamente crítica. Queremos, pelo menos, o prolongamento do pagamento das dívidas [agrícolas]", ressalta a prefeita de São Pedro do Ivaí, Maria Regina Della Rosa (DEM).

São Pedro tem quase 12 mil habitantes e depende da agricultura para sobreviver. Os 278 produtores de grãos são os maiores responsáveis pela movimentação econômica do município. Segundo a prefeita, sem lucro não há consumo no comércio. "As pessoas têm medo de gastar porque acreditam que não vão conseguir pagar as dívidas depois", afirma.

Com perdas estimadas entre 60% e 70% nas lavouras de milho e soja, Floresta (Norte Central) decretou estado de emergência na última sexta-feira. Segundo o prefeito Antônio Fuentes Martins (PMDB), a cidade nunca enfrentou seca tão intensa em toda a história.

A prefeitura de Itambé (Norte Central) estuda tomar a mesma providência. A área de 180 alqueires da família Ramos perdeu 80% da produção de soja. Segundo Neide Ramos, agora, a preocupação dos agricultores da região é com a liberação das áreas por parte das seguradoras para que os produtores possam iniciar o plantio da nova safra. "Não compensa mais colher o que sobrou por causa do custo, que ficou maior que o benefício", conta.

A região ficou sem chuvas significativas por 62 dias. Segundo o engenheiro agrônomo Daniel Grigolo, da cooperativa agrícola Cocari, os 21 municípios associados, que juntos somam 250 mil hectares de área cultivada com milho e soja, vão perder, em média, 50% da plantação. O gerente interino da Cocari, Eric Heil de Araújo, diz que mesmo com a volta das chuvas não há mais como recuperar o que já foi perdido.

Segundo levantamento preliminar do Departamento de Economia Rural (Deral), órgão da Secretaria da Agricultura do Paraná, a safra anteriormente estimada em 22,6 milhões de toneladas deve sofrer redução significativa. "A previsão é de cinco toneladas a menos", diz a engenheira agrônoma Margorete Demarchi.

Também tramitam na Defesa Civil estadual os processos de declaração de emergência em Cornélio Procópio (Norte Pioneiro), Ponta Grossa (Campos Gerais), Santa Helena (Oeste), Renacença e Saudade do Iguaçu (Sudoeste).

No Oeste, os efeitos da seca não se restringiram às lavouras de milho e feijão, que destruíram boa parte da produção. O Rio Paraná está com baixa vazão e em alguns trechos não existe mais possibilidade de navegação. Pescadores temem consequências negativas no estoque pesqueiro da região. Outro problema está nos canais onde os barcos ficam guardados. A maioria secou e os barcos ficaram com a estrutura comprometida

Tempo

De acordo com o Instituto Tecnológico Simepar, a semana deve alternar períodos de sol e pancadas de chuvas em praticamente todos os dias da semana no estado. As chuvas se intensificam a partir da tarde de hoje. Há risco de tempestades e trovoadas, e possibilidade de chuvas de granizo. O sol deve voltar apenas a partir de domingo no Oeste. Nas outras regiões a previsão é de chuva.

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