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A política, para muitos, tornou-se sinônimo de corrupção, perdendo o sentido fundamental, que é a edificação da justiça na sociedade. Na ética a política, quando honestamente praticada, é um serviço sublime à sociedade, na busca de construir a justiça e o bem comum. Se, por um lado, política está se tornando sinônimo de corrupção, para muitos política se resume ao ato de votar no dia da eleição. Esquece-se de que a participação é fundamental na pólis.

Já na filosofia grega, com Aristóteles, a prática política e o Estado eram compreendidos como necessários e essenciais à população. A pessoa humana é um animal social e político por natureza, e a prática política deve ter em vista o bem comum. No entanto, o que boa parte dos políticos profissionais tem praticado é algo contrário à ética e à moralidade.

A pessoa humana não pode separar-se de Deus, nem a política da moral, já afirmava o padroeiro dos governantes e dos políticos, são Tomás More, que foi fiel à ética na política até diante da morte. Quando a prática política é separada da prática moral, o político passa a usar da política para fins egoístas e, ao mesmo tempo, exclui milhares de pessoas da dignidade humana, usurpando recursos públicos para fins pessoais. Temos visto situações muito próximas de nós na Câmara Municipal de Curitiba e na Assembleia Legislativa do Paraná.

A posição de vários políticos profissionais, embora com nobres exceções, tem marginalizado milhões de pessoas e ao mesmo tempo tem feito milhões de outras desprezarem a política como algo "sujo". A "sujeira" leva a grande maioria da população a se alienar da política. Práticas manchadas pela corrupção têm construído a injustiça social e uma sociedade marcada pelo egoísmo que marginaliza e exclui os mais pobres. Basta pegar os exemplos atuais de políticos profissionais envolvidos com os "cachoeiras".

Faz-se necessário voltar ao sentido primeiro da política como edificação da pólis, da sociedade, que tem como meta servir o bem comum. Todos são chamados à participação política; e os profissionais da política devem entender que eles são "delegados" da população para o serviço do bem comum, e não para o bem próprio. Também os profissionais da política devem entender que vencer pisando sobre os outros decididamente não é vencer, mas oprimir o outro.

A esperança de uma nova prática política está na participação da sociedade, não apenas nas eleições, mas nos vários momentos cruciais que a sociedade vivencia. A aprovação da Lei da Ficha Limpa, que veio não dos políticos profissionais, mas da própria sociedade organizada – através, por exemplo, da CNBB e OAB –, mostra que a esperança reside na participação popular.

Joaquim Parron, padre redentorista e doutor em Ética Social pela Catholic University of America (Washington, EUA)

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Excepcionalmente, a coluna de Fernando Martins não será publicada hoje

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