
Funcionário da Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (NSA), Edward Snowden (foto) expôs ao mundo em 2013 a rede de vigilância através da qual o governo norte-americano monitorava a rede telefônica e de internet em 193 países. Por dia, 40 bilhões de registros de telefonia móvel e internet, incluindo e-mails e histórico de navegação, eram coletados.
O escândalo chocou o mundo e inaugurou uma nova etapa do debate sobre vigilância e privacidade na internet. Nessa quarta-feira (18), a Anistia Internacional (AI) divulgou os resultados de um estudo sobre o tema. Contabilizando mais de 15 mil entrevistas em 13 países, a pesquisa mostra que 59% dos participantes opõe-se à vigilância em massa de cidadãos pelo governo. A reprovação à espionagem dos EUA é maior, atingindo 71% dos entrevistados.
Os mais insatisfeitos
Brasileiros estão entre os mais insatisfeitos com a crescente vigilância e monitoramento de informações que usuários compartilham ou consomem pela internet (65%), atrás apenas de alemães, que lideram o ranking dos desgostosos (69%), e de espanhóis (67%). O controle de dados de outros países por parte dos EUA também foi desaprovado, principalmente por brasileiros e alemães.
Dos entrevistados, 59% concordam que o cidadão não deve ser alvo de espionagem de seu próprio governo. Ou seja, a interceptação, o armazenamento e a análise de dados que circulam na internet e comunicações de telefonia móvel não é bem vista pelos participantes. A postura muda um pouco quando a vigilância recai sobre estrangeiros vivendo em seus países. Nesse caso, os países mais desconfiados em relação a estrangeiros são: Grã Bretanha (55%), Canadá (48%), França (54%), Filipinas (56%) e África do Sul (51%).
Na mira
A desaprovação em relação à política de vigilância dos Estados Unidos é geral: a maioria dos entrevistados de todas as nacionalidades se declarou contra a prática. Destaque para Alemanha (81%) e Brasil (80%), que lideram o ranking. Atrás, Suécia, Nova Zelândia e Espanha registraram 75% de insatisfação; Filipinas, 74% e Holanda 73%.
O contexto vivido pode influenciar a percepção do público sobre os efeitos da vigilância. A França foi o país que menos demonstrou desagrado com a espionagem dos EUA: apenas 56% dos franceses reprovam a prática. A pesquisa foi realizada após o ataque à revista Charlie Hebdo.
A opinião global é de que a responsabilidade pela proteção de dados cabe às empresas de tecnologia. O brasileiro figurou outra vez entre os mais taxativos: 78% dos internautas concordaram com a afirmação. A alta adesão à proposta é reveladora da rejeição ao fornecimento de dados para os governos. Reino Unido e França registraram os menores índices de concordância, com 39% e 40%.
É o equivalente eletrônico do governo seguindo você e abrindo sua correspondência. Internautas querem ser seguidos por seus amigos, não por seus governos.
A constante vigilância da internet e de celulares revela um modo autoritário e muitas vezes ameaçador da liberdade de pensamento. Viver sem privacidade pode significar a supressão das individualidades.



