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 | Giuliano Gomes/Gazeta do Povo
| Foto: Giuliano Gomes/Gazeta do Povo

Uma das presenças mais requisitadas da segunda reunião da Parceria Global sobre Cidades e Biodiversidade, realizada em Curitiba, entre 6 e 8 de janeiro, foi a do diplomata argelino Ahmed Djoghlaf, há quatro anos secretário-executivo da Convenção das Nações Unidas sobre Diversidade Biológica (CDB). A relação com o Brasil vem de longe.Ahmed foi relator do comitê preparatório para a Conferência sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento realizada no Rio de Janeiro em 1992 (ECO 92), esteve em Curitiba para a 8.ª Conferência das Partes (COP) sobre Diversidade Biológica, em 2006, e voltou no ano seguinte para a primeira reunião da Parceria Global.

O encontro foi um preparatório para a 10.ª COP sobre Diversidade Biológica, que acontece em outubro, em Nagoya, no Japão. Em entrevista à Gazeta do Povo, Djoghlaf fala sobre a importância do evento realizado em Curitiba e sobre o papel que as cidades têm na preservação da biodiversidade no mundo.

Qual a importância da reunião que ocorreu em Curitiba?

O mundo está se tornando cada vez mais urbano. Em 2007, constatou-se pela primeira vez que existiam mais pessoas morando nas cidades do que nas zonas rurais. Em 2050, estima-se que dois terços da população mundial, ou seja, 7 bilhões de pessoas, estarão habitando as áreas urbanas. Esse crescimento acontecerá principalmente nos países em desenvolvimento, como o Brasil, onde existe uma rica biodiversidade que precisa ser protegida. Precisamos garantir que o crescimento das cidades não ocorra às custas das florestas, e é este objetivo que nos une em Curitiba.

Entre os projetos apresentados durante a reunião, quais os de maior destaque?

Essa reunião foi uma grande oportunidade para prefeitos e demais representantes dos municípios aprenderem com a experiência dos outros. Muitas cidades apresentaram projetos. Mah Bow Tan, ministro de desenvolvimento de Cingapura, por exemplo, trouxe a proposta de um índice de biodiversidade urbana, que já está sendo testada em cidades como Bruxelas, Nagoya e Curitiba. Esse índice promete ser muito eficaz, já que avalia 25 itens, entre eles a proporção de área verde que cada cidade tem e quanto de seu orçamento é dedicado a projetos de biodiversidade. O prefeito Beto Richa também apresentou um projeto interessante que envolve a criação dos bosques de proteção da biodiversidade. Garantir a perpetuação de áreas verdes nas cidades é fundamental.

O que será levado desse encontro para a conferência em Nagoya?

O principal objetivo de nossa reunião era desenvolver um plano de ação das cidades, que será apresentado em Nagoya para aprovação oficial. Esse plano pretende integrar a diversidade biológica no planejamento urbano desde o início. As propostas e sugestões apresentadas no encontro estão reunidas nesse plano. A segunda Carta de Curitiba, uma declaração que reafirma o compromisso dos governos locais com a preservação da biodiversidade, também será apresentada na conferência de outubro.

O que os governos locais podem fazer para preservar a biodiversidade?

Existem diversas maneiras de cada cidade contribuir para a conservação de seu patrimônio natural. Curitiba já tem colocado em prática várias delas, como a expansão de parques, a criação de corredores de biodiversidade, o plantio de árvores em áreas degradadas, a divulgação de campanhas de educação ambiental para conscientizar e engajar a população, a realização de parcerias com instituições e empresas e assim por diante.

Por que Curitiba foi escolhida para lançar o Ano Internacional da Biodiversidade?

Foi do prefeito Beto Richa a ideia de lançar a Parceria Global sobre Cidades e Biodiversidade. Nossa primeira reunião aconteceu em 2007, um ano depois da COP 8 sobre Diversidade Biológica em Curitiba. Ele viu a importância de engajar as prefeituras de todo o mundo e propôs a reunião. Como este é o primeiro evento do ano reunindo autoridades de diversas partes do mundo, aproveitamos a ocasião para iniciar as comemorações do Ano Internacional da Biodiversidade. Tanto Curitiba quanto o Brasil são lideranças na preservação da biodiversidade. O país assume esse papel desde a realização da ECO 92.

Que ações estão sendo planejadas durante este ano?

As comemorações do Ano Internacional da Biodiversidade serão realizadas em vários países. Na quarta-feira teremos um evento na Alemanha. Nos dias 21 e 22 de janeiro, vamos à Unesco, em Paris, onde haverá uma exibição em homenagem à data. Em setembro, a comemoração segue a Nova Iorque. Neste mês, também teremos uma reunião da assembleia da ONU em que serão discutidas as metas para a 11.ª COP, que acontece em 2012 na Índia.

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