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Lucas, 12 anos: mudança radical de hábitos, com alimentação saudável para combater o colesterol | Albari Rosa/Gazeta do Povo
Lucas, 12 anos: mudança radical de hábitos, com alimentação saudável para combater o colesterol| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

Adultos não costumam tratar a doença

De acordo com um estudo feito pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), os altos níveis de colesterol no sangue são o principal fator de risco para 8% das mortes causadas por doenças não transmissíveis no Brasil. O problema é que a doença não parece assustar os brasileiros.

Outra pesquisa, realizada pelo Conselho Latino-Ame­ricano para Cuidado Cardio­vascular com 2 mil pessoas em 70 cidades, revela que a metade dos adultos com colesterol alto não trata o problema.

Um dos fatores que atrapalha o tratamento é a falta de informação dos pacientes, que quase sempre não têm noção da gravidade da doença.

Aproveitando o Dia Nacional de Combate ao Colesterol, comemorado hoje, a SBC está fornecendo várias informações sobre a doença por meio do site www.cardiol.br. No site também é possível baixar uma cartilha sobre o colesterol, que será distribuída em todo o país.

Entenda

Saiba mais sobre altos níveis de colesterol:

O que é colesterol?

É a gordura da alimentação absorvida no intestino que entra na corrente sanguínea e forma as lipoproteínas. Embora o colesterol seja necessário para a produção de hormônios e ácidos biliares, em excesso pode obstruir as artérias que irrigam o coração e o cérebro, podendo causar um infarto ou um acidente vascular cerebral (AVC).

Alimentos benéficos

Aipo, ameixa-preta, amora, aveia, azeite de oliva, cenoura, cereais in­tegrais, mandioca, quiabo, bagaço da laranja, vegetais folhosos.

Alimentos perigosos

Bacon, biscoitos amanteigados, crustáceos, carnes vermelhas gordas, frituras, doces cremosos, queijos amarelos, peles de aves e vísceras.

Não são apenas os adultos que devem se preocupar com os altos níveis de colesterol no sangue. Segundo uma pesquisa realizada pelo laboratório Frishmann Aisengart/Dasa, que levantou os exames de sangue de 878 crianças e adolescentes de até 15 anos de idade, cerca de 48% apresentaram níveis elevados de colesterol.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria, o colesterol total de uma criança é considerado normal quando está abaixo de 170 miligramas por decilitro de sangue, e torna-se preocupante quando ultrapassa os 200 mg/dL. Das 420 crianças encontradas com colesterol elevado, 35% delas apresentavam níveis acima de 200.

Lucas de Souza Kos, 12 anos, faz parte do grupo de risco desde os 7. Por não apresentar sintomas, a doença só foi identificada pelo exame de sangue. "Como o Lucas bebia muita água, pensei que ele pudesse estar com diabete por termos histórico da doença na família. Descobrimos, entretanto, que o problema não era a diabete e sim o colesterol elevado", conta a mãe, Arlene de Souza Kos. O resultado fez com que toda a família mudasse os seus hábitos de vida. "Não é fácil pedir para uma criança deixar de beber refrigerante, comer salgadinhos e biscoito recheado. No começo, deixamos até de frequentar aniversários, pois o que não é visto não é lembrado", conta.

A prática de atividade física regular também passou a fazer parte da rotina não só de Lucas, mas dos irmãos e dos pais. "Todos nós vamos à academia para dar o exemplo. Ele também faz aulas de karatê e de natação. Chegou a mudar para um colégio que valoriza mais a prática de esportes. Muitas vezes ele reclama, diz que está cansado, mas é como se fosse um investimento. Se ele se cuidar agora, vai estar livre da doença quando adulto", explica.

Conforme o endocrinologista Mauro Scharf, que coordenou a pesquisa, até os 2 anos de idade um nível um pouco mais elevado de colesterol é tolerado, por ser uma substância importante para o desenvolvimento de neurônios no sistema nervoso central por formar a mielina, responsável pela transmissão de impulsos nervosos de uma célula a outra. Mesmo assim, os pais precisam estar atentos. "Um quarto das crianças de até 2 anos com colesterol alto apresentará problemas de saúde na idade adulta. Por isso, crianças com parentes de primeiro grau que tiveram doença coronariana antes dos 55 anos devem começar a prevenção e o controle desse mal a partir dessa idade", explica.

Além do fator hereditário, os maus hábitos alimentares, o se­­den­­tarismo e o estresse, causado muitas vezes pelo excesso de atividades, também são responsáveis pela doença. "Além de consumir alimentos ri­­cos em gorduras em grande quantidade, (as crianças) exageram na dose de carboidratos e açúcares e não comem a quantidade necessária de fibras, o que atrapalha o processo de eliminação dessas gorduras", explica a pediatra Luci Pfeif­fer.

Segundo Scharf, a pesquisa terá uma segunda etapa. "O objetivo é levantar a incidência de colesterol há um ano, para confirmar a tese de que os níveis estão realmente se elevando na população pediátrica", diz.

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