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Dias atrás minha curiosidade foi aguçada pelo título de uma coluna do crítico de tevê Mauricio Stycer. Gosto dos textos dele, sobretudo por ser uma forma rápida, no meu caso, de ficar por dentro do que acontece na telinha, à qual dispenso pouquíssimo tempo. A chamada que me despertou a atenção foi esta: "Erro de português grosseiro em "A vida da gente". Aos desavisados: A vida da gente é uma novela da Rede Globo e há uma seção no blog de Stycer chamada "Detetive Vê TV", cuja pauta nasce das contribuições dos internautas. O assunto tratado pelo crítico foi sugerido por um "detetive".

E qual seria esse erro de "português grosseiro"? Ei-lo: "enchoval" com "ch" em vez de "x" (enxoval). E aqui é preciso um esclarecimento: duas personagens estavam falando em espanhol e os telespectadores acompanhavam a legenda em português. Portanto, o erro se dá, obviamente, na escrita, pois na fala não existe essa distinção – "enchoval" só pode ser pronunciado "enxoval". Depois de "en", tanto "x" como "ch" produzem o mesmo som (para ficarmos em uma notação leiga): enxada, enchiqueirar, enxaqueca, encharcar. Sim. Há uma regra que pode nos ajudar: esse "en" antes de "ch" é um prefixo: chiqueiro/enchiqueirar e charco/encharcar. O mesmo não se dá, por exemplo, com enxoval e enxada.

Ora, Stycer é um crítico de tevê e não tem obrigação de entrar em detalhes, de tentar explicar o fenômeno. Não que seja proibido, mas me parece que foge da proposta de seu blog. Esse papel é dos professores de língua portuguesa, em primeiro lugar, e também dos colunistas que falam sobre língua. Numa aula de português, aliás, temos um lapso de escrita que daria um bom material para o professor.

Resumo do folhetim: sempre que possível, devemos apontar o erro, mas também explicá-lo.

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