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Aconteceu no biarticulado Centenário-Campo Comprido. Embora não fosse minha intenção ouvir conversas alheias e muito menos reproduzi-las nesta coluna, acabei escutando um trecho de um bate-papo entre dois estudantes que julgo conveniente comentar. Ambos prestaram o vestibular da UFPR (Universidade Federal do Paraná) e estavam assustados com uma proposta de redação que pedia para os candidatos produzirem uma narrativa. O problema, dizia um deles, é que não haviam "treinado" esse tipo de texto. Se fosse uma carta, tudo bem. Mas uma narração!?

É claro que uma boa preparação para o vestibular exige treino, repetição de exercícios, revisões e mais revisões, controle do tempo e da ansiedade etc. Mas o fato é que a escola não pode tomar os vestibulares da Federal ou de outras importantes instituições de ensino superior como o único norte a ser seguido no programa de língua portuguesa – e das demais disciplinas, obviamente. Os próprios organizadores do vestibular sabem disso. O fato de o exame da UFPR pedir resumos, cartas, mudança de discurso (e outros gêneros) não sinaliza que as escolas devam se restringir a esse importante, porém minúsculo recorte da língua escrita. Esse papel já é desempenhado pelos cursos preparatórios. A escola não pode ficar "treinando" alunos, mecanizando-os para cumprirem dois ou três comandos de uma prova.

Como comentei com meu perspicaz leitor e grande colaborador Vinicio Bruni, algumas escolas pedem a leitura de Urupês já na 8ª série. Lógico que eles podem ler, mas fala sério! O melhor de Monteiro Lobato é sua obra infanto-juvenil. Emília dá de 10 a 0 no Jeca Tatu. Alunos do 5.º ano estão fazendo textos de opinião e resumos de editoriais! Daqui uns dias alunos do maternal vão ter de fazer o quê?

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