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Um leitor levanta a questão sobre o uso dos verbos "morrer" e "falecer" em matérias jornalísticas. A frase que gerou o questionamento foi "Atuação do diplomata Barão do Rio Branco, morto há 100 anos, foi fundamental na definição do desempenho do país".

Esclareço aos leitores que não acompanham de perto essa discussão que muitas pessoas defendem o uso de "falecer" quando se trata de morte natural (velhice e doença, por exemplo) e de "morrer" para mortes violentas, não naturais. Por essa distinção, poderíamos afirmar que Millôr Fernandes faleceu e Angelina Filgueiras morreu. Em muitos casos, imagino, poderá surgir um acalorado debate acerca do que é natural e não natural. Mas isso é outra questão.

O fato é que, há muito tempo, os principais jornais do nosso país usam o verbo "morrer", sem a distinção mencionada. Na página 181 do Manual do Estadão, lemos a seguinte orientação sobre morrer, morte e morto: "Por serem mais jornalísticas, use estas palavras no noticiário, em vez de falecer, falecimento ou falecido, cujo emprego deve ficar restrito à seção de Falecimentos". Notem que temos aí uma ordem, um enunciado não aberto a questionamentos, a opiniões contrárias. Pode parecer contraditório, e talvez seja, mas isso traz um enorme alívio para quem escreve todos os dias. O importante é que os leitores não tomem determinados usos jornalísticos como a verdade sobre a língua, mas sim como um recorte do que chamamos variedade culta da língua.

Para finalizar, apenas relembro que a palavra "morto" também significa "matado". Por exemplo: Ele foi morto com dois tiros. Portanto, a frase "Atuação do diplomata Barão do Rio Branco, morto há 100 anos, foi fundamental na definição do desempenho do país" pode gerar uma pequena ambiguidade caso lida sem um contexto mais amplo. A saída, também jornalística, é esta: "Atuação do diplomata Barão do Rio Branco, que morreu há 100 anos, foi fundamental na definição do desempenho do país".

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