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Um concurseiro de carteirinha, como ele se mesmo se definiu, fez um comentário bem pertinente à minha coluna anterior (Obedecer à sinalização ou a sinalização?). Ele afirma que, pelo tom adotado no meu texto, eu desqualifiquei tanto os materiais normativos sobre nossa língua quanto muitas bancas examinadoras com atestado grau de competência.

De fato, relendo o que escrevi – e normalmente releio minhas colunas quando o leitor me dá alguma pista –, noto um tom meio grosseiro quando me refiro à abordagem de língua feita pela "maioria dos concursos", o que me lembra que há mais de uma maneira de dizer as coisas. Também merece questionamento meu chute de que a "a maioria dos concursos" apresenta questões de língua de forma equivocada. Só neste ano houve milhares de concursos Brasil afora e tive tempo e sobretudo curiosidade de examinar apenas uns dez. Confesso não ter achado trechos em que desqualifico instrumentos normativos.

Tomara que minha leitura esteja correta, pois quase todos os dias compulso esses materiais para dar sustentação ao meu trabalho. Eles já me tiraram de muitas enrascadas. E de resto legitimam várias posições que tomo.

Mas (sempre tem um "mas) é necessário esclarecer que concursos, por mais que sejam bem feitos, não devem ser tomados como referência para o ensino da nossa língua. Isso porque os exames primam por abordagens fechadas, dogmáticas, certo ou errado e ponto final. Para esse tipo de abordagem existem cursos preparatórios – e os bons conseguem, com efeito, atingir tal objetivo.

O ensino da língua, por outro lado, deve se centrar na leitura, na escrita, na interpretação, no debate, no questionamento. Há evidentemente espaço para consenso, mas pulsa como obra aberta e complexa. Ao contrário dos concursos, é evento profano.

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