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Adilson Alves

O uso social e culinário da mussarela

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O fato se deu em um dos muitos programas de Sílvio Santos em que pessoas participam de jogos para ganhar dinheiro. Já faz tempo. Uma participante soletrou "mussarela" (assim, com duplo "s"). Perplexa, descobriu que soletrara errado, mesmo estando convicta de que escrevera, lera e comera o bendito queijo sempre com o gostinho desse "esse" dobrado. É verdade. Cardápios de bons e péssimos restaurantes, de boas e nada recomendáveis pizzarias, rótulos de produtos etc. trazem "mussarela". Um dos mais influentes jornais do país (Folha de S. Paulo) também assim grafa a palavra, em todos os cadernos. Um leitor ficou indignado e recebeu resposta direta e adequada: o jornal opta pelo "uso social da palavra". Algo como: o uso que se consagrou. Boa. Desde que fique claro que qualquer uso da língua é social.

E isso não se aplica somente à ortografia. Muitas pessoas, sobretudo as que se dedicam ao estudo da nossa língua, não aceitam, mas sintaxe também é uma questão de uso e não de princípios. Acontece que os mesmos jornais que admitem o uso social de "mussarela" (sério: é um avanço) vomitam impropriedades em colunas e artigos sempre que alguém usa concordância ou regência fora das lições dos alfarrábios. Ué! Cadê o uso social? Cadê o respeito pela diversidade?

É bem mais simples admitir que jornais e revistas optam pelo uso social mais valorizado. O que faz todo o sentido do mundo. Aqui na Gazeta, quando o assunto é ortografia, optamos pelo uso social dado pelo Houaiss e pelo Volp. E aí temos estas opções para o queijo da discórdia: muçarela, muzarela e mozarela. O sabor é o mesmo, mas a chance de ganhar prêmios aumenta.

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