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Que todas as empresas estatais brasileiras estavam precisando de uma faxina geral, isto sabíamos havia muito tempo. Só desconhecíamos o poder das bactérias. Estavam tão bem protegidas embaixo do tapete de cores nacionalistas que agora a Petrobras precisou tomar um banho público para o mundo sentir a fedentina.

O jornalista e escritor Otto Lara Resende dizia que política é a arte de enfiar a mão no excremento. De fato, mas ele foi até elegante na definição. Para não usar o conhecido “jarro”, podemos dizer que no Brasil fizeram da política o ofício de botar a mão no penico. E, de tanto cheirar o que manipulam, agora tentam fazer do malsão o sadio e nos burlar o olfato com odores acima da lei.

Com tanto excremento (para usar da elegância do Otto) sob o nariz de Dilma Rousseff, restou para o Ministério Público prender os bucaneiros da Petrobras e levá-los ao banho público. Pegar os corruptos pela orelha e mergulhar um por um numa tina com água e sabão. Fazer o que se fazia no início do século em Curitiba, quando as casas de banho eram estabelecimentos de utilidade pública.

Os empreiteiros e seus asseclas que agora estão tomando banho frio no inverno de Curitiba merecem bem mais que uma salutar surra de relho

As casas de banho surgiram em 1908, num tempo em que a cidade ainda não tinha serviço de água e esgoto. Segundo registrou o cronista Evaristo Biscaia em meados dos anos 1950, “os banhos custavam a bagatela de $ 1,00. Os banhos turcos, três cruzeiros, e o cliente entrava num caixão de madeira quadrado, ficando unicamente com a cabeça de fora, enquanto o corpo recebia vapores de água quente expelidos por diversos canos instalados no recipiente. A duração desses banhos era de 5 a 30 minutos. Após o banho aplicavam um jato d’água fria para evitar resfriamentos ou pneumonia”.

Na época ninguém se arriscava a tomar banho de mar, mas os banhos salgados, com sal comum ou com finos sais, já tinham os seus aficionados em limpar o corpo, em lavabos de louça inglesa ou banheiras de folha de flandres, fabricadas por um funileiro estabelecido com oficina na Praça Tiradentes.

Diziam os antigos que após um banho turco o corpo ficava rejuvenescido e o organismo, em melhores condições de funcionamento. As pessoas de mais idade recorriam a esse processo de vapores para eliminar o reumatismo, as dores lombares e artríticas.

Os banhos de meio corpo serviam para o tratamento de rins, mas para lavar o corpo das impurezas de caráter, das misérias morais, do mau cheiro da ambição desmedida e das cracas da desonestidade, diziam ainda aqueles de antanho, só mesmo uma boa surra de sal grosso.

No caso dos empreiteiros e seus asseclas que agora estão tomando banho frio no inverno de Curitiba, merecem bem mais que uma salutar surra de relho, com a bunda de fora. Sem massagens no ego, sem os unguentos da misericórdia, com a água e o sabão da opinião pública.

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