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Na história de Curitiba, um fim de semana tão eletrizante quanto agora, só na visita do papa João Paulo II. Serão dois dias para também não esquecer. Sábado, Atletiba. Domingo, eleição. E não será um Atletiba qualquer, nem mesmo uma eleição qualquer.

No futebol, Coritiba e Atlético estarão botando em jogo o futuro próximo – considerando que os dois podem purgar seus pecados na segunda divisão. Na política, estaremos botando nas urnas o futuro imediato, próximo e distante – considerando a voracidade pelo perpétuo poder.

Aos torcedores, algumas instruções para o sábado: saia da cama com o pé direito; atente para passar a manteiga no pão da esquerda para a direita; abra a primeira cerveja com a mão direita, faça um brinde com a mão esquerda e guarde a tampinha da garrafa na carteira com uma folhinha de louro.

Aos eleitores, recomendam-se as mesmas esperanças da virada do ano. Com fé renovada, a votação é a festa de ano novo da democracia, quando saudamos o futuro que vai nascer. Com documento na mão, ao entrar no local da votação, o eleitor não precisa exagerar nas simpatias: dar três pulinhos e acender uma vela em frente aos mesários; engolir sete bagos de uva; e de modo algum leve dinheiro dentro do sapato ou dólares na cueca.

Pouca superstição e muita prudência nessa hora. Com prudência e reflexão, quais seriam as virtudes dos candidatos? Seriam sete as virtudes, requisitos para contrapor aos sete pecados capitais? Honestidade x Gula; Generosidade x Avareza; Humildade x Soberba; Castidade x Luxúria; Disciplina x Preguiça; Paciência x Ira; Caridade x Inveja.

Na vida pública, de modo geral, aos sete pecados capitais é preciso acrescentar o Nepotismo. Especialmente no caso do Brasil, onde o nepotismo pode ser atribuído à Soberba, o outro lado da Humildade.

Para o voto consciente, é preciso não esquecer dos dez mandamentos do político ficha suja: Amar o poder sobre todas as coisas; Não tomar o santo nome do todo-poderoso de plantão em vão; Guardar os sábados, domingos, feriados e mais três meses de férias; Honrar pai, mãe, filhos, sobrinhos e netos com cargos em comissão; Não matar a mamata de ninguém; Não pecar contra os financiadores de campanha; Não furtar pouco; Não levantar fundado testemunho; Não desejar a secretária do gabinete próximo; Não cobiçar, muito menos comentar, as negociatas alheias.

Nos dias 5 e 6 de julho de 1980 – sábado e domingo –, a emoção tomou conta da cidade com a visita do papa Wojtyła. Foram dois dias frenéticos, tão eletrizantes quanto os de agora. Num mesmo fim de semana, que o espírito de João Paulo II nos faça chegar em paz à segunda-feira. Como da outra vez.

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