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A Rio+20 nem terminou, mas o impasse diplomático na conferência da ONU revela as limitações para os governos nacionais solucionarem a crise ambiental planetária.

Tampouco o movimento verde – com as devidas exceções – tem apresentado propostas factíveis. Uma corrente muito forte dentro da causa ecológica defende uma genérica mudança nos padrões de consumo: é preciso que a humanidade compre menos para poupar os recursos naturais. Ou seja, se o capitalismo é causa da degradação ambiental ao promover o consumismo, faz-se necessário haver menos capitalismo. Mas essa tese esbarra no desejo humano de melhora pessoal e no dilema de impedir o acesso dos pobres a bens da modernidade.

Uma alternativa completamente inversa é apostar em mais capitalismo para salvar a natureza. Essa é a instigante sugestão do economista belga Gunter Pauli no livro Upsizing (disponível em português). Para ele, são as empresas – e não os governos ou as ONGs – que podem promover inovações tecnológicas que permitirão produzir muito mais com menos recursos naturais.

Pauli parte do princípio de que, no meio ambiente, não há lixo. O dejeto de um ser vivo é alimento para outro. As folhas secas de uma árvore, por exemplo, são consumidas na terra por animais e micro-organismos. Que, por sua vez, adubam as próprias raízes da árvore.

Os processos produtivos humanos, porém, geram resíduos que são descartados em uma escala muito maior do que se imagina. Pauli estima que, da biomassa agroflorestal utilizada pelo homem, apenas 5% sejam efetivamente aproveitados; 95% são desperdiçados.

Mas há imensa riqueza nos resíduos. E o lixo da fabricação de uma mercadoria pode ser o insumo da industrialização de outra. Pauli cita o caso da celulose. A produção dela aproveita apenas 30% da madeira. Os 70% restantes normalmente são queimados. No entanto, dessa substância descartada pode ser extraído um adoçante não calórico até 50% mais doce que o açúcar. Já na produção de cerveja, só 8% dos nutrientes da cevada são utilizados. O que sobra poderia adubar a plantação de cogumelos comestíveis.

Para o economista belga, aproveitar ao máximo o que hoje se descarta, além de fazer bem para o meio ambiente, é uma ótima oportunidade de negócios – uma lógica tipicamente capitalista. E isso iria criar novas indústrias e empregos.

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